Francisco em minha vida, para sempre

Era 2008. Fui à Argentina para um encontro de juventudes maristas do Cone Sul, em Luján — terra da padroeira do país. Num dos dias, fomos a Buenos Aires conhecer pontos turísticos. Visitamos a Casa Rosada, e, claro, a Catedral.

Ao entrarmos, uma missa estava em andamento. Parecia apenas mais uma celebração de um padre local, desconhecido. Mas logo descobrimos que quem presidia era Jorge Mario Bergoglio, então arcebispo da cidade. Ninguém ali imaginava que aquele homem simples e firme, pregando com doçura e autoridade, viria a ser o Papa. Me sentei nos bancos, a cerca de sete metros dele. Ele falava. Eu escutava. Sem saber, eu estava diante de um santo em vida.

Anos depois, em 2013, levei jovens para a Jornada Mundial da Juventude no Rio. Tínhamos nos preparado por mais de um ano para encontrar Bento XVI. Mas ele renunciou, e o mundo, atônito, se perguntou o que viria. Veio Francisco. E com ele, a coragem de confirmar a JMJ, sem hesitar.

No dia da abertura, com milhões nas ruas do Rio, nos posicionamos próximo à grade por onde o papamóvel passaria. Era a única chance de ver de perto aquele homem que recém havia conquistado os corações do mundo. Uma jovem do nosso grupo, pequena demais para enxergar, subiu nos meus ombros. Quando Francisco passou, eu mal o vi. Estava concentrado em não cair, em sustentar nos ombros aquela jovem que, com olhos brilhantes, o viu bem de perto. Eu estive ali. A cinco metros dele. Ele acenando. Eu servindo.

Francisco não foi só um Papa. Foi farol. Foi Evangelho em carne, gestos e palavras. Foi ternura com os pobres, firmeza com os poderosos, voz profética numa Igreja tantas vezes silenciosa.

Hoje, diante da notícia de sua Páscoa, meu coração se aperta. Sinto a dor de quem perde um guia. Mas também a gratidão imensa de quem, por duas vezes, esteve perto de um homem que levou Deus no olhar.

Que minha vida continue assim: ouvindo o Evangelho de quem o vive, aprendendo com os santos do presente e carregando, sempre que puder, os jovens nos ombros — para que vejam mais de perto as maravilhas que Deus faz na vida dos que O amam.

Obrigado, Francisco. Que o céu o receba com alegria. Nós seguiremos, tentando honrar sua memória, sua alegria, coragem e esperança.