Ana Júlia, Eichmann e Mediocridade
Adolf Eichmann sendo julgado em Jerusalém (1960) |
Assim, Eichmann e tantos outros nazistas, pessoas comuns, que não eram espécies de seres horrendos, repugnantes, desequilibrados ou pedófilos, foram capazes de cometer crimes numa escala monumental e inédita na história da humanidade. Eichmann morreu achando que apenas "cumpria ordens", o que, do ponto de vista burocrático dele, se tratava de encher os trens de judeus que iam para os campos de concentração, disparando todo o "procedimento" conhecido posteriormente como "Holocausto".
Hannah Arendt, que aprofundou e escreveu sobre o caso chega à conclusão impactante que o "mal", expresso numa escala tão extrema e inédita como no nazismo, não decorria de uma raiz humana, mas de um extremismo casado com impessoalidade. O conceito de "banalidade do mal" é melhor compreendido assim: "O mal não pode ser simultaneamente banal e radical. O mal é sempre extremo. Jamais radical. O bem é sempre profundo e radical. O mal, banal." Extremidades e radicalidades parecem sinônimos na política, mas a partir de Hannah Arendt, é bom começarmos a distingui-los.
E eu também arrisco uma conclusão: Hitler nunca teria chegado onde chegou se não tivesse encontrado medíocres: pessoas que se "despersonalizaram", como Eichmann, incapazes de romper com o nazismo e seus procedimentos.
Pessoas comuns, burras, não compreenderam o que se passava e aderiram ao sistema. Pessoas comuns, inteligentes, compreenderam mas se adequaram ao sistema.
Ser medíocre não tem a ver com Q.I., nem com ser "normal", "comum". Ser medíocre tem a ver com se acomodar à média induzida por um sistema.
Qualquer semelhança com quem fala mal de Ana Julia Ribeiro e a luta das ocupações estudantis, não é mera coincidência.
Na raça e na paz d'Ele,
J. Braga.
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