Nem Champagnat nasceu marista

Ninguém nasce marista. Nem se torna marista naturalmente. Nem Champagnat nasceu marista. Deve haver um tempo, um momento, uma tomada de decisão que torna nítida a experiência de identificação: um antes e um depois. Para Marcelino, o encontro com o jovem Montagne foi um divisor de águas. Na sua vida, e na nossa. Nesse dia, graças a Jean Baptiste, Champagnat imprimiu - para toda a eternidade - um novo rosto mariano à Igreja. Através dos Maristas, Irmãos, Leigas e Leigos deu-se à Igreja um DNA inédito, e isto impulsiona nosso ser a serviço o mundo inteiro, nos 5 continentes. Aquece o coração daqueles que aqui estudam, trabalham, se relacionam, vivem.

Não há, simplesmente não há, nada de mais belo e pujante na vida de milhares de pessoas que essa experiência. Só que essa consciência tampouco acontece do nada. Ela vai se dando, se enraizando. Até que um dia se expressa. Com maior força, com maior ênfase. Também com mais suavidade, com maior singeleza. Mas acontece. E quando a gente se dá conta, já foi. Nosso coração foi arrebatado. Não são só os amigos e amigas. Não são só os professores. Não é só a estrutura. Tem algo a mais. Certeza que tem algo por trás. Aqui não tem só passeio, tem a aventura da convivência. Aqui não se joga simplesmente, se forma para ganhar e perder, respeitar regras, reverenciar adversários. Aqui não se repassa informação, se conectam redes de conhecimento. Aqui não fazemos apresentações de dança, teatro ou coral. Desfrutamos espetáculos. É arte que respiramos, é vida que fazemos. Tomo emprestadas palavras de um aluno nosso, de terras maranhenses, que escreveu recentemente:

É simplesmente fantástico o que essa escola nos proporciona. O Marista é muito mais que uma instituição, muito mais que uma rede de escolas, ser Marista é um modo de viver. Quando Champagnat, há quase duzentos anos, concebeu esse projeto, certamente não fazia ideia da dimensão que os Pequenos Irmãos de Maria tomariam. O Marista é surreal! Não existe apenas o vestibular, para nós tudo é importante. Exploramos nosso lado acadêmico, nosso lado espiritual, artístico, social, nosso lado Marista. Quem estuda aqui sabe: somos estudantes completos! Quem entra no Marista se encanta com o colégio, é simplesmente impossível não amar o Marista. "Ex-aluno sim, ex-marista nunca! Então por isso e outros motivos, eu amo o Marista, sou Marista de coração!

A Semana Champagnat quer aprofundar isso: nossa identidade. Dá-nos a oportunidade de refletir nossos referenciais. Como e com que intensidade nos influenciam. Qual nosso papel na vida, no mundo, no que posso contribuir, ajudar a melhorar, servir. Nesse momento tomamos consciência de que colhemos o que não plantamos. E que semeamos algo que não veremos nascer, muito menos colher. Não seremos capazes de enxergar o futuro da obra de nossas mãos, assim como Marcelino Champagnat nunca sequer imaginou que haveria uma semana inteira de homenagens a ele no Brasil ou qualquer parte do mundo.

Longe de queremos ter o controle. Longe de presumir que somos nós que fazemos essa obra ser tão grande. O que queremos mesmo é seguir no fluxo do servir. Que Deus seja comunhão, força e movimento onde estivermos. Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela (Sl 127). Pedimos, apenas, centelhas desse Espírito para melhor servir. 

Porque só no serviço reconhecemos a atitude de um marista.

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