Meu amigo Werlen Arcanjo, não vai ser fácil seguir sem você. Não mesmo.

Pe. Werlen Arcanjo,

Meu querido "Natalzim". Viveremos uma vida inteira e não conseguiremos encontrar pessoa que te supere em generosidade, amor à Igreja e sabedoria no cultivo das amizades. Hoje nosso coração sofre de uma forma inédita, meu e de minha esposa. Sentimos desde o início o quanto, como jovem casal, contávamos com suas orações e, como sacerdote, sua bênção. Quando nos distanciamos não perdemos contato, muito em razão do seu cuidado conosco, mesmo você trabalhando em Fortaleza ou estudando em São Paulo. E nós em Natal e Salvador.

Pessoalmente, tive a honra de conviver com você, dividir o mesmo alojamento durante um ano. Incrivelmente, com dois sorteios semestrais seguidos no quarto Santa Teresa D´Ávila, em nossa época de seminário. Te observei muito, te admirei demais. Sua devoção por João Paulo II, seu conhecimento profundo da Liturgia da Igreja, os bons modos, o bom gosto pra música (Maria Rita, Adriana Calcanhoto!), suas amizades episcopais, enfim. Também ganhei um inesquecível carão quando, neste ano partilhando o mesmo cômodo, atrapalhei sua "siesta" pós-almoço e entrei fazendo barulho no abrir e fechar a porta. Foi quase engraçado te ver todo irritado levantando da cama e me ensinando, passo-a-passo, como entrar no quarto sem fazer barulho no trinco da porta. Quase. Você estava realmente com raiva de mim. Nunca tinha te visto assim. Me assustou, mas já rimos desse dia algumas vezes.

Nunca conheci alguém de tão agradável trato, de amizade tão genuína e de tão hábil prudência nos assuntos mais delicados:

- Braga, isso que te falei não fale com mais ninguém.
- Eu sei, Natalzim, nem precisava dizer isso.
- Precisa, sim. Segredo só é segredo quando se pede.

Hoje o que mais me dói é ter recebido sua ligação dia 24 de janeiro deste ano e não ter te retornado. Esqueci. Depois me lembrei. Mas posterguei, posterguei, até saber, hoje de manhã que não conseguiria mais ouvir sua voz, te dar um abraço e desfrutar do seu sotaque potiguar. Isso - realmente - dói.

Não há como segurar as lágrimas.

Mas, enfim. De alguma maneira, sei que você, através da misericórdia de Deus, lê esse texto e sente meu luto, minha tristeza. Nada, porém, que dure mais que três dias, pois como você diria com incrível precisão litúrgica:

- Confiemo-nos ao Senhor. Ele é justo e tão bondoso. Confiemo-nos ao Senhor. Aleluia!

João Pedro (que te olha na foto) e Vanderlene assinam embaixo essa declaração de amor por você meu amigo.

Por que os bons tem que ir tão cedo, Deus?!

Não vai ser fácil seguir sem você. 

Não mesmo.

J. Braga.

Comentários

  1. quanta saudades ele nos dexara,as vezes nao quero acerditar que ele partiu assim tao rapido

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  2. A sua maior qualidade é que ele não escolhia pessoas para amar,amava todos,nao importava a classe social.

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  3. Não sabia que ele era seu amigo, Maneto. Ele estava à frente da Paróquia de Ns. Sra. de Lourdes, pela enfermidade de Pe. Dourado, que hoje também se foi. O conheci nessas missas e ficava impressionada com sua voz forte em físico pequeno, com sua sabedoria e autoridade no falar. Não imaginava que era doente, não sabia que anteriormente ele era assim, "bochechudinho", pois não passava fragilidade quando estava no altar. Gostaria de tê-lo conhecido mais. Enfim, hoje ele ajuda a receber Padre Dourado no céu. Abraços da prima.

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