Agora somos quatro.

Pulsações em cima. Fluxo no avermelhado.
Muita gente não sabe, mas essa gravidez representa uma grande superação de trauma pra Vanderlene e pra mim. Perdemos um bebê em 2012. Tecnicamente, foi uma gravidez anembrionária, ou seja, não teria havido uma perda "em si". Mas vá explicar isso pra qualquer casal desejoso de um filho...não. Houve, sim, uma frustrante experiência de perda. Dor. Foi esse o sentimento que prevaleceu até ontem.

Foi.

Desde o começo do mês já tínhamos os resultados positivos de dois exames. O de farmácia e o BetaHCG. Mas, diferente da outra vez, preferimos aguardar o exame ultrassom pra poder anunciar. Foi melhor, mais seguro e até mais impactante. Enquanto não ouvisse o coraçãozinho do meu bebê batendo, não me permitiria dar vazão ao que segurava há dois anos, por medo de outra decepção.

Instantes antes de entrar na sala de exame, ponderávamos que, se a notícia não fosse feliz, desistiríamos de ter mais filhos. "Meu Deus...confirma essa gravidez, confirma essa gravidez, confirma essa gravidez!", gritava por dentro, mas precisando aparentar tranquilidade pra minha mulher.

O nome dela foi anunciado. Entramos. Cumprimentamos a médica. Perguntei se poderia tirar fotos, filmar. Ok. Vanderlene já deitada, a doutora operando o equipamento e eu, leigo, sem enxergar patavina daquelas imagens de ultrassom (quem consegue entender imagem de ultrassom, gente?!) só torcia por ouvir o que pudesse ser um coração pulsando. Justamente o que não ocorreu na frustrada ultrassom de dois anos atrás.

O momento que ouvi e vi o coraçãozinho do meu(minha) filho(a) batendo, as pulsações na tela...Nossa Senhora. Quanta alegria! Que boa notícia! Não deu pra segurar a emoção. Nem quis. Respiração ofegante, coração acelerado, olho cheio d'água. Não era só emoção, era mística, naquela hora Deus me dizia: " - Eu te amo, confia em mim. Não precisa ter medo!"

Hoje Deus nos dá acesso a um novo horizonte. É como alcançar o cume de uma montanha, depois de ter enfrentado uma subida íngreme e acidentada. O fôlego já faltando, mas conseguimos. Com João Pedro na cacunda, nos encorajando como nenhum outro energético seria capaz. Essa conquista também é dele.

Aquele fluxo avermelhado, aquele "tum-tum-tum" frenético mudou minhas perspectivas e, sendo assim, mudou tudo ao meu redor. Quase magicamente, o mundo recuperou cor, e minha alma vigor.

Vida, aqui vou eu. Mas não só.

Agora somos quatro.

Na raça e na paz d'Ele,
J. Braga.

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