Pra quê ir à Missa?

Que tal trabalhar com um público que não tem costume de ir à missa, mas faz questão de que os filhos façam catequese?! Temos aí um quadro instigante.

Está posto o desafio de esclarecer que o discipulado de Jesus se dá num horizonte de "fecundidade comunitária", para além da "necessidade individual". Lida-se com um universo de pessoas que - confessando fé católica - valoriza se relacionar com o Sagrado de maneira intimista, mas minimiza a dimensão do comprometimento com um corpo eclesial que transborda o foro particular, legitima a dignidade humana universal (=católica) e potencializa o sonho da adorável pessoa de Jesus de Nazaré, que sempre enfatizou o espírito de comunhão, de fraternidade e o identificou ao Reino de Deus (Cf. Jo 17, 21). 

É válido lembrar: ser seguidor de Jesus tem mais a ver com uma constância do "saber" do que com uma circunstância do "sentir". O verbo que domina a experiência de Fé, na Bíblia, se harmoniza com "Eis porque sofro estas coisas. Mas não me envergonho, porque eu sei em quem depositei a minha fé, (...)" (2 Pd 1, 12). São Paulo escreveu esta carta estando preso pelo Império Romano por anunciar o Evangelho. Dita de outra forma a afirmação que o apóstolo faz acima: minha fidelidade a Jesus supera as dificuldades externas, inconstância de meus estados de espíritos ou quadros emocionais. Ir à missa dominical passa a ser, então, saber-se amado por Deus e convencido por esse espaço de celebração da Vida, Liberdade e Fraternidade. Nada a ver com "obrigação", "sentir-se misticamente tocado", ou "sentir-se emocionalmente impulsionado" a participar. O campo da fé é um terreno cultivado pela fidelidade na adesão a Jesus. Uma decisão feita e refeita a cada novo dia, no caminho da vida. 

Por fim, assumem-se as palavras de Francisco, sobre sermos misericordiosos com os que se aproximam: "(...) corre-se sempre o risco de ser ou demasiado rigorista ou demasiado laxista. Nenhum dos dois é misericordioso, porque nenhum dos dois toma verdadeiramente a seu cargo a pessoa. O rigorista lava as mãos porque remete-o para o mandamento. O laxista lava as mãos dizendo simplesmente 'isto não é pecado' ou coisas semelhantes. As pessoas tem que ser acompanhadas, as feridas tem que ser curadas". 

Sendo ministros da misericórdia, não custa sublinhar, então: a experiência com Deus é pessoal, mas o discipulado de Jesus é comunitário. 

Que nós consigamos comunicar isso nesta experiência de Catequese, por intercessão de Nossa Senhora, amém. 

Na raça e na paz Dele,
J. Braga 

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