2012: Para além de um "happy end".

Uma última boa história do ano não é fácil de escolher. Até porque nem sempre se sobressaem as histórias "happy end" na nossa memória. Agora mesmo, não consigo deixar de pensar - na minha retrospectiva pessoal de 2012 - a gravidez interrompida de minha esposa e os 10 dias do João Pedro internado no hospital, nos meses de junho-julho. Na hora, talvez por instinto de sobrevivência, você procura encarar as coisas de forma mais "leve". Depois, no entanto, você se dá conta dos riscos corridos, perigos encarados e consequências imprevistas.  Meses após o acontecido, a professora do João Pedro nos chamava pra conversar, preocupada. Quando ele foi desenhar a família numa atividade corriqueira da aula, desenhou um "rimãozinho", sem conseguir explicar direito quem era. Pois é. Não fomos capazes de elaborar completamente essa perda, e João sentiu.

Desenho do João Pedro com "rimãozinho", em outubro de 2012.

Não sei se eu chorei direito essa perda, mas pelo jeito, neste texto, Deus me dá uma oportunidade de sentir essa dor. Não é uma dor daquelas lancinantes, como de uma faca cortando sua carne. Talvez, mais parecida a um vazio incontido, de quem perdeu alguém sem sequer ter tido oportunidade de se despedir. Pela fé (e pela ciência), sei que perdemos um ser completo, inteiro. E era um(a) filho(a). Não um monte de células aglutinadas. Alguém pode dizer que não é bem assim, que eram apenas 10 semanas de gestação, que o bebê não tinha consciência, coisa e tal. Mas prefiro assim. Prefiro assumir essa experiência com rosto, voz e emoção. Acho que aprendo mais encarando as coisas dessa forma. Dói, mas não é ruim. Se é que me faço entender neste mundo tão inclinado ao triunfalismo.

Essa foi a história e aprendizado mais relevantes do meu ano. Para além do "final feliz", me fez uma pessoa melhor.

Só que pensando o ano de maneira mais ampla, sem perder os aspectos simbólicos que lhe conferem sabor, a gratidão é o valor que se destaca ao mirar 2012. Financeiramente bem mais equilibrados, minha esposa está  otimista, bonita e corajosa. Cumprimos a maioria das metas traçadas para o ano. Meu filho maior, mais forte e mais sabido. Meu trabalho tem dado bons resultados e aberto novas perspectivas. Minha mãe, pai e irmão, encaminhados. Enfim, temos muito a dar graças! Agradecer dá fôlego ao viver.

Neste blog acho que escrevi menos, mas escrevi melhor. Entendo que adquiri mais consistência nas reflexões, consigo conectar mais assuntos dentro de um texto, sendo mais atrativo, fluído e interessante. Consequência natural de quem acumula mais conteúdo, me parece. O meu grande sonho, aqui, é escrever de tal maneira que mesmo aqueles que não se interessem pelos temas que trato, gostem de vir aqui. Ler. Voltem sempre porque, após cada visita, saem daqui um pouco maiores. Cresçam em estatura, sabedoria e graça, feito Jesus adolescente e jovem.

E por mais que a história do ano lembrada não seja lá das mais "happy end", quem disse que não valeu a pena?! Foi 2012 que chegou ao "end". 

O "happy" não.

Feliz 2013!

Na raça e na paz Dele,
J. Braga.

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