Quando é melhor receber o Distintivo Marista?

Sinceramente? Não faz diferença. 

Administrar a ansiedade das crianças para receber logo o cordãozinho com as Violetas é que talvez seja difícil para os pais. Afinal de contas, isso implica admitir que, se houver demora, o filho se frustre. “- Frustrar-se? Meu filho? De jeito nenhum! E a autoestima dele?” 

Para alguns pais, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Acontece que desde muito cedo as crianças descobrem o que querem. São impulsivas e só pensam no agora. De fato, o “hoje” ainda é o único parâmetro cronológico de suas vidas. Educar passa, então, pelo trabalhoso ofício de contrariar. Ensinar a esperar. Apenas com o tempo é que elas aprenderão a pensar no contexto todo e não só em si. O natural implicado nesse aprendizado é que as crianças sofram. Sim, sofram. E os pais não podem se deixar afetar por isso, sabe por quê? A psicóloga Rosely Sayão nos ajuda a responder: “Porque aprender a superar uma frustração, a desenvolver estratégias para sobreviver a uma negativa ou insatisfação e perceber que a vida tem deveres e impossibilidades é vital para qualquer um”

A escritora Eliane Brum aprofunda: “Mas não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver: a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento?”. Frustração e esforço. Duas palavrinhas escanteadas pela típica cultura pós-moderna. Dizer: “- Fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Já reparou? Ter que dar duro pra conquistar algo é coisa de “pobrezinho”, “limitado”. Bom é o garoto que não estudou, passou o fim de semana no videogame e, ainda assim, tirou dez na prova de matemática. Este, sim, atesta a “boa linhagem” da genética que herdou. 

O Distintivo Marista quer fomentar e sistematizar uma cultura de formação em Valores. E esta passa, necessariamente, pela superação de ciladas como as acima descritas. Só que isso não se dá sem esforço. Para nós, os bons exemplos. Cada um no seu ritmo. 

Uma das importantes fundamentações do Distintivo é o evangelho dos trabalhadores enviados à vinha (Cf. Mt 20, 1-16). Segundo a parábola, o “proprietário” chama os trabalhadores para a sua vinha nas várias horas do dia: alguns, ao amanhecer; outros, às nove da manhã; outros ainda, por volta do meio dia e das três da tarde; os últimos, cerca das cinco. São Gregório Magno, sobre esse texto, faz referência à extraordinária distinção de presenças. Todas e cada uma das pessoas chamadas a trabalhar para o Reino de Deus segundo a diversidade de vocações, contextos e momentos. Trata-se de uma variedade que torna mais viva e realista a riqueza da Igreja. 

A resposta do dono da vinha aos que se julgam mais merecedores é expressão do pensamento divino. A lógica de Deus coloca ao avesso os critérios, vaidades e inclinações de competitividade humanos: “- Eu quero dar a este último tanto quanto a ti. Ou não me é permitido fazer dos meus bens o que me apraz? Acaso vês com maus olhos que eu seja bom?” (Mt 20, 14b-15). Pois é. Não existem os “mais” nem os “menos” merecedores. O reconhecimento nos transcende, pois vem de Deus. 

Com humildade, simplicidade e modéstia, as violetas maristas nos simbolizam o perfume de fazer bem ao próximo sem esperar nada em troca. Pois plantada no terreno fértil do amor. Essência do ser cristão. No Distintivo Marista, receber cedo ou tarde é irrelevante, o que importa é a recompensa do aprendizado. 

Este sim, capaz de ser eterno. 

Na raça e na paz Dele, 
J. Braga.
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Texto nascido como resultado de mais de um ano de reflexão e aplicação do projeto Distintivo Marista sobre a formação em valores sistematizada para estudantes do Ensino Fundamental.

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