Escolas Católicas, crise e oportunidade

Colégio Marista Patamares:
Mais de 2600 estudantes em apenas
9 anos de existência. Um novo horizonte
se apresenta
- O Marista é um colégio diferenciado! 

Dito assim, de sopetão, soa arrogante, não é?! Afinal, que colégio tão católico é esse que não demonstra humildade? É bom provocar uma releitura dessa ideia. Humildade vem de “húmus”, do latim “filho da terra”. Além da percepção de não se presumir melhor que ninguém, a humildade tem a ver com exercer o autoconhecimento. Caracteriza a profunda compreensão de uma “identidade”: origens, princípios, valores, sonhos, virtudes e, claro, limites. 

O humilde sabe quem é e o que quer da vida. Aprendeu a conviver com frustrações e a se esforçar até a última gota de suor naquilo que lhe faz sentido. Por isso é capaz de fazer a diferença! 

Para que a gente entenda isso melhor, façamos um pequeno relato histórico. 

Durante boa parte do século XX as escolas católicas acolheram 80% dos estudantes matriculados no 2º grau, que hoje chamamos Ensino Médio. Movidas por uma forte pulsão de tradição, as famílias se mantinham, geração após geração, na mesma escola. Sem perder alunos, deitadas em “berço esplêndido”, essas instituições de ensino se acomodaram. Os tempos mudaram. As famílias passaram a não manter seus filhos em escolas apenas por serem tradicionais. Paralelamente, colégios/cursinhos com foco no vestibular se especializaram em sua proposta e começaram a dar respostas mais imediatas àquilo que o mercado exigia. Eram os anos 80 e 90. Sem muita eficiência e meio desajeitadas para propagandear o que de melhor tinham, as escolas católicas não conseguiram fazer frente a essa onda mercadológica, perderam alunos e, de fato, muitas encerraram suas atividades. Confusas, algumas abriram mão do seu ideário original e, pasmem, viraram franquias das redes de ensino da moda. Resultado? Fecharam também. A crise estava instalada: a identidade da educação católica estava em xeque. Qual caminho tomar nesse cenário? 

O caminho mais difícil. O da humildade.

As escolas católicas qualificaram sua gestão, transformaram suas estruturas, começaram a funcionar em rede, investiram pesado em formação continuada, atualizaram suas metodologias e, finalmente, começaram a fazer propaganda! Mas, espera um pouco. Isso tudo não é rendição à lógica do mercado? Não. Mas, sim. Foi necessário profissionalizar a forma de atuar num contexto tão competitivo. Um caminho de sangue, suor e lágrimas. 

Mas também de conquista. Tudo isso aconteceu no Marista. 

Assumimos a necessidade de sair da zona de conforto e, mais que isso, de mergulhar num caminho sem volta na redescoberta das intuições do fundador São Marcelino Champagnat, das origens, do carisma, de valores e, talvez o mais profético, da missão: formar bons cristãos e virtuosos cidadãos. O que significa entender, sem crise, que preparar para a vida não é diferente de preparar para o vestibular. 

Só que esse movimento todo não pode ficar restrito aos Irmãos e gestores. A identidade marista requer que todos os que compõem uma comunidade educativa marista (estudantes, professores, técnicos, funcionários, famílias e parceiros) tenham pulsante o que é próprio de sua razão de ser e existir. E quanto mais convencidos disso, melhores resultados (mensuráveis e incomensuráveis) seremos capazes de dar.

Numa palavra: saber quem somos para fazer melhor o que nos propomos.

Um desdobramento dessa ideia se vê plasmada na Semana Pastoral 2012 de nosso Colégio. O objetivo é divulgar para envolver e motivar que todos tomemos parte da seiva que alimenta a vida e a identidade de nossa escola cristã católica de tradição marista: a evangelização.

Enfim, as escolas católicas passam por uma nova conversão que as elevará a novos Patamares. 

Sem perder a humildade, claro. 

Na raça e na paz Dele, 
J. Braga.

Comentários

  1. Braga,
    Até hoje não me conformo com o fechamento do Marista Cearense... Por vezes passo por ele e bate uma saudade dos tempos de aluna e também uma tristeza profunda porque meus filhos não viverão a experiência Marista, a não ser que eu vá morar noutro estado.
    Seu texto é pertinente, concordo que é necessário se adequar ao mercado vigente.
    Resta-me lamentar que o gestores daqui não tenham atentado para isso antes do fechamento das portas...
    Apostar na Faculdade Católica foi um "tiro no escuro", ela ainda não vingou e nem sei se alcançará o sucesso almejado.
    Ex-aluna sim, ex-marista nunca!
    Bjs
    Elvira Leal.

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    1. Oi Elvira. Obrigado por comentar. Conheço detalhamentos da história do Cearense que não valem a pena publicar. Como ex-aluno detesto o que fizeram e o que está sendo essa faculdade. Mas como não sou ex-marista torço, mesmo que de longe, que em algum momento os Irmãos sejam capazes de retomar decisões do passado para projeção de um novo futuro. Muita gente acha que estou maluco (e pode ser que eu esteja) mas não acho que a história de nosso amado Colégio tenha terminado. Pode ser que não passe de um sonho... não faz mal. É o sonho que nos faz sair da zona de conforto.
      Beijão.
      Na raça e na paz Dele,
      J. Braga.

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