Contra o humor politicamente incorreto

 “Acho que o humor não precisa disso”
Com perdão da piada infame, o show de humor “Proibidão” mexeu com o humor dos humoristas brasileiros. Como se sabe, na primeira edição do evento, um músico, Raphael Lopes, chamou a polícia depois de ter sido alvo de uma piada racista de Felipe Hamachi.

Conforme o seu relato, ocorreu o seguinte: “O Felipe disse: ‘Dizem que a Aids veio do macaco, mas não acredito. Transo sempre com macaco’. Aí olhou para mim e disse: ‘Né?’”.

Ontem, tive a oportunidade de falar a respeito do caso com Renato Aragão. E hoje com a turma do Casseta & Planeta. Coincidências na vida de um repórter.

Com o gênio dos Trapalhões consegui conversar por menos de dois minutos, o suficiente para ouvir uma crítica à agressividade do comentário de Hamachi: “Acho que o humor não precisa disso”, respondeu.

Medindo bem as palavras, Renato disse ver um período de “transição”, como outros que já ocorreram. “Desde que me entendo na vida, o humor passa umas nuances. Vem a turma nova, vem outra turma. Mas é um caso isolado. Não tem nada a ver”, disse.

Sobre as piadas que fazia com Mussum, Renato me disse: “Naquela época não tinha essa conotação. Era brincadeira entre eu e o Mussum. Era coisa infantil.” E foi ao ponto: “Ninguém tentou agredir ninguém. Nem se tocava que poderia agredir alguém. Era uma brincadeira de circo.”

“O humor tem limites, sim”, defendeu Beto Silva.
Com a turma que ajudou a renovar o humor na televisão na década de 80, o encontro foi mais demorado e tranquilo. Uma entrevista destinada a promover o novo programa do grupo, no Mercado Municipal, em São Paulo, onde a questão do humor politicamente correto também entrou em pauta:

“A gente não está mais na idade de procurar chatear, perseguir a incorreção”, disse Claudio Manoel, diretor-geral da atração. “Não precisamos disso. E não me acho suficientemente velho para ficar chamando preto de macaco”, querendo dizer que considera a piada de Hamuchi muito velha.

“O humor tem limites, sim”, defendeu Beto Silva. “Eu, como humorista, tenho”, observou. “O limite é o bom senso. A gente não está a fim de que alguém saia daqui e chame a polícia”.

Fonte: Maurício Stycer

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