Dia de Finados não é evento!

Até a morte virou evento - Ir. Murad

Veja esta notícia publicada pela Folha de São Paulo no dia 02 de novembro:

Finados tem pula-pula e sorteio de panela


Brinquedos para crianças, sorteio de brindes, música e apresentação de balé e circo são algumas das atrações dos cemitérios hoje no Dia de Finados. A ideia é entreter o público para tornar a data mais agradável e menos triste.

No Parque Hortolândia, em Campinas, as crianças terão pula-pula, cama elástica e oficina de pipas. Para os adultos, chuva de pétalas de rosa e exame de pressão arterial. O Primaveras, em Guarulhos (Grande SP), terá sorteios de panelas e cafeteiras. À tarde, bailarinas se exibem presas às cordas de um balão, no espetáculo "Mulheres do Sol". Para as crianças, psicólogas contarão histórias para ensiná-las a trabalhar com o luto. São esperadas cerca de 50 mil pessoas. Em SP, o Gethsêmani, no Morumbi (zona oeste) terá violinistas pela primeira vez. Cinco cemitérios na capital e na Grande SP darão ecobags de garrafas PET, entre eles o Redentor, na Dr. Arnaldo, e o dos Protestantes, em Higienópolis, região central. Nos 22 cemitérios municipais de SP, a programação é a convencional, com missas. No Rio, o ator Marcos Frota e a sua trupe circense estarão no Jardim da Saudade de Paciência, na zona oeste. "Preparamos uma mensagem poética, com reflexão espiritual sobre a morte, sem aquela algazarra normal do circo." Malabaristas e equilibristas representarão o renascimento de um índio palhaço. Para Clemir Fernandes, pesquisador do Instituto de Estudos da Religião, o Dia de Finados tem ganhado novos significados por causa da disputa no campo religioso entre movimentos da Renovação Carismática, católica, e protestantes, que encaram a morte como algo positivo."É uma outra maneira menos chorosa de falar da morte e mais coerente com a sociedade do prazer e do espetáculo", afirma. 

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Até a morte se transforma em evento! Nesta sociedade do espetáculo e da aparência, a dor necessita ser escondida ou amenizada. Ora, assumir a perda de parentes ou pessoas amadas é tarefa lenta e necessária, ao ritmo da existência de cada pessoa. Criar processos para mascará-la não minimiza o sentimento, simplesmente o esconde. Não me parece alternativa saudável. Simplemente, é mais uma forma de negar que há certas ocasiões inevitáveis de sofrimento para a ser humano.

Não se trata de promover a dor e o sofrimento, como ainda teimam algumas correntes religiosas. E nem de negá-las absolutamente. Essas são oportunidades de refletir e aprender. Vivamos o dia de finados com o sentido que ele tem: recordar a memória de nossos falecidos, agradecer a Deus o que eles nos deixaram de bom, pensar sobre a vida e a morte, considerar que a nossa existência neste mundo também é passageira...
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Nada a acrescentar à reflexão de Ir. Murad. Perfeito. Apenas acrescer a informação de um outro evento que, pelo segunda vez, escuto repercutir: a Zombie Walk. Uma tentativa - ao meu ver - de lidar de forma mais light com o feriado de Finados e a realidade da morte. Algo clonado do Dia das Bruxas estadunidense que ocorre na antevéspera. Assino embaixo o que escreveu Ir. Murad sobre episódios como esses. Questionável.

Zombie Walk: piada clonada e sem graça
Na raça e na paz Dele,
J. Braga.

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