Ruim-de-bola, bom de grana
Por LUIZ GUILHERME PIVA
O ruim-de-bola é fundamental pro futebol. Sem ele não se completam os times da pelada. E o melhor: muitas vezes ele vai pro gol, evitando o revezamento de goleiros.
Mas gosta de ir pra linha. Tênis ou chuteira zero quilômetro, meia três-quartos. A corrida sem bola é meio puladinha, indo e voltando sem receber passes.
Se conduz a bola, vai dando toquinhos tão leves que ela quase não sai do lugar. Quando aparece um adversário, põe a sola em cima da bola, aponta alguém lá na frente e grita: “vai!” – e dá um bico pra muito longe.
Depois, na cerveja, dirá: “viu meu lançamento?”.
Ele recebe os dribles e chapéus necessários à auto-estima e à parolagem dos peladeiros. Bate os laterais. Está disposto a sair para a entrada de quem chegou atrasado e formar o time de fora.
Não briga com ninguém por causa de nenhum lance. Não pede a bola. Volta pra marcar quando todos param lá na frente.
Quase sempre é dono da caminhonete que leva os jogadores. Ou é o responsável pelo aluguel do campo ou da quadra. Leva a bola, a bomba, o gatorade.
E nem gosta tanto de futebol. Assiste pouco, como quem não vê. Exceto em Copa do Mundo. Aí, junto com as mulheres e as crianças, buzina, grita, comemora, chora.
Acontece às vezes de ele acabar se dedicando profissionalmente ao esporte.
Quase sempre como dirigente.
Aí ele começa a atrapalhar tudo.
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Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
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