A culpa não é do facebook - Felipe Basso

O Núcleo Brasileiro de Estágios (NUBE) realizou uma pesquisa com dez mil candidatos a vagas de estágio, que indicou que os estudantes de Comunicação escrevem pior do que os alunos da área de Exatas, como a Engenharia.

O teste era simples. Um ditado de 30 palavras, que permitia até seis erros. Não, não pediram para escrever inconstitucionalissimamente, mas palavras como desajeitado, exceção, anexo. O resultado me fez cair os butiá do bolso, ou seja, me deixou apavorado. Mais de 60% dos alunos de Comunicação foram reprovados, enquanto 87.5% dos futuros engenheiros passaram.

Uma coordenadora de recrutamento da instituição, segundo matéria publicada no Portal Acontecendo Aqui, acredita que os estudantes passam horas demais nas redes sociais, o que não ajuda na melhora do Português e também acredita que falta incentivo à leitura nas escolas e nas próprias universidades.

Falta é vergonha na cara dos alunos. Quando entrei na faculdade de Jornalismo, o Google ainda era uma novidade. Não existia rede social e pouca gente se interessava por leitura. Acho que há 50 anos, ainda menos pessoas se interessavam por leitura.

Ler é um saco. Exige tempo, concentração, esforço. Pessoas não gostam de fazer esforço. Pelo jeito, estudantes de comunicação gostam menos ainda. Para que encarar um livro de 400 páginas se posso pegar o resumo na internet?

Ninguém nunca me pediu referências literárias antes de me empregar.

Aprende-se a escrever, lendo. Da mesma forma que se aprende a falar, escutando. Pegue essa frase, CTRL C + CTRL V no Google e você descobrirá que é do Mário Quintana. Duplique a guia, cole o nome dele e você descobrirá quem foi Mario Quintana. Agora é que a coisa complica. Acesse o Estante Virtual ou endereço de sua preferência e compre um livro dele. E aqui eu não vou facilitar a vida de vocês colocando link para esses sites. 

Tem livro chato, tem, claro que tem. Tem livro enorme, que deixa a gente cansado só de pensar quanto tempo irá demorar para ser lido. Também. Tem livro de tudo quanto é tipo. De repente, pegue um fininho (me refiro a livros, ok?), depois se arrisque com um outro com 150, 200 páginas. Ou comece com revistas semanais, enfim, tente ultrapassar as manchetes.

Eu também sinto a mesma coisa em relação a livros. Tem obras que eu ainda não encarei pelo tamanho, pela complexidade. Mas isso não é motivo para não ler. 

Nada disso vai resolver sua vida ou lhe garantir um emprego com salário alto. Mas pelo menos, pouparia a vergonha de uma manchete assim.

baguete.com.br - 26/09/2011 
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Na raça e na paz Dele,
J. Braga.

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