Mais que um anti-carniça, sou Fortaleza!
Jogador do Fortaleza comemora com a cabeça do mascote. Bora Leão!!! |
Sou Flamengo. Todo mundo sabe disso. Minha paixão rubro-negra começou nos idos de 1992, ano do Penta, com inesquecíveis atuações de Júnior, o Leovegildo. Mas já escrevi sobre isso. Tenho outro time do coração, porém. Experimento algo parecido ao que dizem as avós quando passam a ter mais de um neto: "amor não se divide, se multiplica!"
Aqui quero registrar minha paixão futebolística cearense, da minha terra, das minhas raízes: Fortaleza Esporte Clube, o Tricolor de Aço!!! Antes de qualquer coisa, preciso ser honesto. Foi uma paixão tardia, que começou até meio sem querer, tipo namoro "se rolar, rolou". Mas se tornou séria e fiel. Verdadeiro casamento: na saúde e na doença. Meu irmão costuma encher o saco (pra variar) dizendo que virei a casaca. Que torcia Ferroviário e depois que passei a ser Fortaleza. Ele só não fala que, na mesma época, ele era são-paulino e fluminense roxo. Daqueles que levava radinho de pilha pra ouvir jogo no meio da missa. Ceará Sporting Club (vulgo, Carniça)? Pergunta se ele sabia ao menos que diabos era "Porangabussú"?! Aliás, que nome ridículo o dessa sede.
Percebeu a provocação? Pois é. Tudo começou por causa disso.
Em 1992 e 1993 os times cearenses eram realmente muito amadores. Os resultados pífios. Pouquíssima gente - ao menos da minha idade (12/13 anos) - torcia seriamente por alguma equipe local. Era quase cafona. Pentacampeão que era, comecei a simpatizar com times que estavam por cima. No caso do Campeonato Cearense era o Ferroviário, bicampeão com um time que jogava bem e bonito. Naquele time jogavam alguns atletas que iriam longe na carreira, como o goleiro Clemer, campeão mundial interclubes pelo Internacional. Mas ser "Ferrim" era mais uma ironia, uma provocação a um tio, Roger, torcedor da Carniça Sporting Club (e também Fluminense roxo, na época) que vivia querendo tirar onda comigo. Naqueles dois anos dava pra "humilhá-lo" por causa da boa fase do Tubarão da Barra, mas passou.
O Ferrim era realmente um clube limitado, com pouca torcida e sem maiores apelos populares. O rival da Carniça - de verdade - era o Fortaleza Esporte Clube. Tinha torcida, títulos, tradição e apelo popular. Pau a pau. Anos se passaram até que o Fortaleza se organizou melhor estruturalmente, ultrapassou a Carniça em número de títulos estaduais e passou a ser respeitado nacionalmente com a ascensão para a Série A do Campeonato Brasileiro por vários anos. Antes dessa ascensão toda, fui positivamente influenciado por amigos que torciam Fortaleza, em especial o João Nelson e os irmãos dele, Eduardo e Márcio. Sem falar do seu Urbano e tia Euzenir, pais deles, torcedores-família.
Enquanto isso, a Carniça se perpetuava na segunda divisão, rebaixável fixo à Terceirona, sempre escapava fedendo. Vergonhoso como sempre.
O fato é que não me lembro bem quando, nem como, mas em algum momento entre 1997 e 2003 fui arrebatado seriamente pelo amor ao Leão. A torcida, o espírito de família, a camisa, entre outros apelos foram se somando e ocupando um espaço cativo no meu coração. O que começou como forma de provocar e tirar onda passou a dar lugar a uma admiração, carinho e fervor. Aconteceu. Me tornei oficialmente torcedor. Foram muitas alegrias. Ano após ano, título após título. Primeira Divisão, pentacampeonato, jogadores-revelação. Muito lindo.
Acontece que o jogo virou (temporariamente).
Hoje o Fortaleza não vai muito bem. A duras penas conseguiu se manter na Série C numa goleada de 4 a 0 contra o CRB-AL. Pior, a Carniça, tanto apanha quanto dão neles, mas estão na 1a Divisão. Algo surreal, jamais imaginado por seus torcedores tão acostumados e conformados à Série B. Enfim.
Graças a Deus, o Tricolor de Aço escapou de outra tragédia. Mas...quer saber?! Mesmo que tivesse sido rebaixado para a quarta divisão não teria problema. Hoje sou Fortaleza. Mais que um anti-carniça. Minha torcida não tem condição.
E meu amor não tem divisão. Te amo Leão!!!
Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
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