Interações entre Ciência e Religião
Entrevista com Dr. Frank Usarski, Professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião na PUC/SP
Como o senhor define religião?
R: O que nós chamamos de “religião” tem se manifestado, no decorrer da história e em todas as partes do mundo, em diversificações e diferenças múltiplas. De acordo com essa complexidade não considero adequado pensar em uma definição fechada de religião e opto por um conceito aberto capaz de superar um entendimento pré-teórico que generaliza fenômenos religiosos, sobretudo os de origem cristã, com os quais nós estamos culturalmente acostumados. Isso é somente necessário por que, por exemplo, para chineses, hindus e muçulmanos nem existem sinônimos em suas línguas que correspondam exatamente com nosso termo religião. A partir dessas considerações meu conceito de religião contém quatro elementos: Primeiro, religiões constituem sistemas simbólicos com plausibilidades próprias. Segundo, do ponto de vista de um indivíduo religioso, a religião caracteriza-se como a afirmação subjetiva da proposta de que existe algo transcendental, algo extra-empírico, algo maior, mais fundamental ou mais poderoso do que a esfera que nos é imediatamente acessível através do instrumentário sensorial humano. Terceiro, religiões se compõem de várias dimensões: particularmente temos que pensar na dimensão da fé, na dimensão institucional, na dimensão ritualista, na dimensão da experiência religiosa e na dimensão ética. Quarto, religiões cumprem funções individuais e sociais. Elas dão sentido para a vida, elas alimentam esperanças para o futuro próximo ou remoto, sentido esse que algumas vezes transcende o da vida atual, e com isso tem a potencialidade de compensar sofrimentos imediatos. Religiões podem ter funções políticas, no sentido ou de legitimar e estabilizar um governo ou de estimular atividades revolucionárias. Além disso, religiões integram socialmente, uma vez que membros de uma comunidade religiosa compartilham a mesma cosmovisão, seguem valores comuns e praticam sua fé em grupos.
Como o senhor define ciência?
R: Ciência é uma maneira específica de se aproximar a “realidade” e de adquirir conhecimento sobre ela. De acordo com o princípio de divisão de trabalho, ciências diferentes têm seus enfoques particulares, ou seja, elas são especializadas em investigar certos segmentos da “realidade”. Para disciplinas como a Ciência da Religião é preciso que a “realidade” científica se restrinja à esfera empírica. Em outras palavras: O que conta como “realidade” são somente aquelas camadas da existência que são extraídas da observação. Esta observação pode ser direta (através dos sensos inclusive suas ampliações artificiais) ou indireta (por exemplo a partir de uma dedução com base em uma estatística). Temos que lembrar que ciência é um empreendimento coletivo. A vida acadêmica se organiza em sociedades científicas. O cientista individual faz parte de um conjunto de outros cientistas que se comprometem com as mesmas regras epistemológicas, que se referem ao mesmo vocabulário de termos técnicos e que têm como pressuposto os mesmos pontos de partida.
O que é Ciência da Religião?
R: Ciência da Religião é a disciplina empírica que investiga sistematicamente religião em todas as suas manifestações. Um elemento chave é o compromisso de seus representantes com o ideal da neutralidade frente aos objetos de estudo. Não se questiona a “verdade” ou a “qualidade” de uma religião. Do ponto de vista metodológico, religiões são “sistemas de sentido formalmente idênticos”. É especificamente este princípio metateórico que distingue a Ciência da Religião da Teologia. O objetivo da Ciência da Religião é fazer um inventário, o mais abrangente possível, de fatos reais do mundo religioso, um entendimento histórico do surgimento e desenvolvimento de religiões particulares, uma identificação e seus contatos mútuos, e a investigação de suas inter-relações com outras áreas da vida. A partir de um estudo de fenômenos religiosos concretos, o material é exposto a uma análise comparada. Isso leva a um entendimento das semelhanças e diferenças de religiões singulares a respeito de suas formas, conteúdos e práticas. O reconhecimento de traços comuns do cientista da religião, permite uma dedução de elementos que caracterizam religião em geral, ou seja como um fenômeno antropológico universal. A Ciência da Religião tem uma estrutura multidisciplinar. Trata-se de um campo de intersecção de várias sub-ciências e ciências auxiliares. A História da Religião, a Sociologia da Religião e a Psicologia da Religião são as mais referidas. Mas há outras, por exemplo a Geografia da Religião ou a Economia da Religião, uma matéria que atualmente ganha força na Universidade de Tübingen, Alemanha. No Brasil, na área da Ciência da Religião são freqüentemente citados as teorias e os resultados da Etnologia e da Antropologia.
Um cientista pode ser uma pessoa religiosa? Por que? De que forma a religião influencia no encaminhamento que o cientista dá a sua pesquisa?R: Houve uma época na história da nossa disciplina em que se defendia a tese de que um verdadeiro cientista da religião deveria ser um homem religioso ou uma mulher religiosa. O famoso livro de Rudolf Otto "O sagrado" elabora essa idéia já no seu primeiro parágrafo. O livro traz a analogia de um crítico de música cuja capacidade de avaliar a qualidade de uma obra depende do senso musical de tal crítico. O mesmo valeria para a religião cuja essência se revela somente para um investigador que possui um "senso religioso". Acho que a analogia de Otto é inadequada. Para mim, um cientista da religião nada se assemelha a um crítico de música. Ele mais se parece com um historiador da arte cuja referência não é o nível estético de uma pintura, mas que coloca questões do tipo: Quem era o pintor? Em que circunstâncias ele produziu tal obra? Que papel esta obra desempenhava no contexto da produção artística do pintor? Esta pintura é uma obra típica desse pintor? Que influências estilísticas se observam nesta obra? A obra é típica de uma época da arte? De jeito semelhante o cientista da religião quer entender os fatores que influenciaram o surgimento e o desenvolvimento da religião investigada. Ele tem o objetivo de classificar seu objeto de estudo ao compará-lo histórica e sistematicamente com outras religiões. Para fazer isso, precisa-se de uma formação científica adequada, um conhecimento geral da história espiritual do mundo, um instrumentário analítico. Se um cientista for um ateu ou um indivíduo religioso será uma opção particular, feita na sua vida privada. Mas quando exercer sua tarefa profissional deve controlar e disciplinar as próprias preferências ideológicas o tanto quanto possível. Nunca se consegue isso totalmente. Mas isso não invalida a importância do ideal da neutralidade, da objetividade. Tem-se que se prestar atenção aos fatos e verificar se estão apresentados adequadamente. Por exemplo, seria fácil desvalorizar uma religião como o Islã ao se concentrar somente nos traços que estão em tensão com os valores ocidentais e cristãos. Há uma tendência nas mídias de identificar o Islã com a Guerra Santa, mulheres reprimidas e movimentos “fundamentalistas”. Um Cientista da Religião que vê, do ponto de vista da sua religiosidade particular na sua vida pessoal, o Islã como um desafio religioso tem que prestar atenção para não usar sua autoridade profissional e desdobrar ainda mais os preconceitos já enraizados na consciência coletiva. É melhor que ele se dedique a um assunto mais distante de seus interesses cotidianos.
Qual é o estado atual da arte das pesquisas nessa área de Ciência da Religião no Brasil? E no Mundo?R: A situação internacional é muito complexa. Cada país tem seus traços específicos de acordo com vários fatores que dependem da história nacional da disciplina, do grau de colaboração com outras disciplinas ou da presença de certas religiões. Por exemplo, a Ciência da Religião na Alemanha tem tradicionalmente um foco nas filologias e um interesse forte nas religiões orientais, especialmente na Índia. Atualmente vivem cerca de três milhões de turcos no país, um fato que levou uma nova geração de cientistas da religião a uma investigação do Islã no ambiente europeu ocidental. Nos Estados Unidos a Ciência da Religião é bastante influenciada pelas Ciências Sociais e devido ao grande número de novas religiões que têm florescido num ambiente social liberal, as teorias e pesquisas nesta área são bastante desenvolvidas. No Brasil, a Ciência da Religião é uma disciplina relativamente nova. Em comparação a outros países o perfil da matéria é menos acentuado ainda. Mas, estou otimista a respeito do futuro da disciplina num âmbito internacional. O Brasil é conhecido como um campo religioso extremamente dinâmico, mas segundo Cientistas da Religião da Europa e dos Estados Unidos falta um saber detalhado sobre a história e a situação religiosa atual. Ao mesmo tempo, há um contingente enorme de especialistas brasileiros que poderiam contribuir muito mais para a divulgação mundial dos seus conhecimentos. Deve-se fazer um esforço para que haja um intercâmbio mais amplo, mais freqüente com colegas norte-americanos e europeus. Vejo pelo menos as seguintes áreas nas quais cientistas brasileiros desempenharão um papel importante na discussão internacional: as chamadas religiões mediúnicas (Candomblé, Umbanda, Kardecismo); as religiões de Ayahuasca (Santo Daime, Barquinha e União do Vegetal), o Pentecostalismo, a chamada “religiosidade popular”. Por outro lado, do ponto de vista internacional, são urgentes projetos sobre as grandes religiões não-cristãs como, por exemplo sobre o Judaísmo, o Islã, o Baha´i e até mesmo sobre o Budismo, uma religião tão freqüentemente citada nas mídias.
Tendo em vista que o conhecimento religioso é dogmático, não testável, depende de crença/fé e que o conhecimento científico é replicável, fidedigno, generalizável. Na sua opinião, Ciência e Religião são divergentes ou convergentes? Por que?
R: Em geral, concordo com a hipótese implícita na pergunta. Para mim, a divergência mais marcante é que cientistas empíricos não trabalham com conceitos metafísicos. Quer dizer, eles não levam em conta um nível extra-empírico. Isso não significa que eles neguem a existência desta dimensão do “ser”, mas tem a ver com a posição metodológica em que se considera cientificamente irrelevante a questão sobre a “última realidade”, sobre “o absoluto”, sobre algo que transcende as esferas “relativas”. Mas além de divergências há várias convergências. Vou mencionar aqui somente alguns aspectos de uma constelação muito complexa. Religião e ciência são ambas sistemas de compreensão e interpretação do mundo. A teoria de “big-bang” e a doutrina cristã de criação têm o mesmo objetivo: responder a questão de onde vem nosso universo. No decorrer do processo de secularização, ou seja, na medida em que a ciência como uma forma específica de compreensão do mundo ganhou cada vez mais aceitação coletiva na cultura ocidental, a interpretação cosmológica religiosa tem perdido sua plausibilidade para a maioria da população dos países correspondentes. Devido ao “triunfo” das ciências exatas na modernidade é inevitável aceitar, do ponto de vista de um indivíduo religioso, que a doutrina bíblica de criação seja “apenas” uma imaginação simbólica de “verdadeiros” eventos cósmicos. Neste sentido podem coexistir na consciência moderna os dois referenciais, ou seja, os relevantes textos bíblicos e as teorias astrofísicas atuais. Agora, se imaginarmos um aluno que começa a sua formação universitária na área de astrofísica, qual é a sua situação? Ele nem tem a competência, nem a “reputação” de negar as teorias com as quais seus professores o confrontam. Para crescer dentro do sistema, ele tem que aceitar a matéria apresentada nas aulas. Os conteúdos são tão abstratos, tão distantes da sua experiência cotidiana, que não lhe resta outra opção a não ser “crer” no que está escrito nos manuais impostos pelos mestres daquela disciplina. Ele tem que ter confiança na fala das grandes autoridades dentro da comunidade acadêmica da qual ele quer participar no futuro. Talvez, depois de estudos de vários semestres, ele desenvolva a potencialidade de causar uma revolução científica, uma reforma no depósito de conhecimento estabelecido e não seja mais questionado pela geração anterior. Mas isso só acontece excepcionalmente. A regra é que o aluno de ontem se torna um representante de uma tradição já estabelecida. As palavras grifadas ressaltam algumas palavras chaves para indicar de que de ponto de vista sociológico há mais convergências entre religião e ciência do que se pensa normalmente.
O senhor vê a Religião como inibidora no processo de desenvolvimento da ciência?
R: A história prova que religião pode ter este efeito, isso é bem ilustrado pelo famoso caso de Galileu Galilei. Todavia, neste contexto acho muito interessante uma hipótese de Max Weber que diz que as ciências modernas têm suas raízes na tradição judaico-cristã e por isso elas se desenvolveram especificamente na Europa onde as duas religiões haviam deixado suas marcas. Weber apontou para a cosmovisão dualista, para a idéia de um Deus transcendental, totalmente diferente do mundo, que, uma vez criado, segue suas mecanismos invariáveis. Segundo Weber este conceito provocou uma certa divisão na área intelectual. Por um lado, se acentuou a teologia ocupada do lado divino do “ser”. Por outro lado, as ciências exatas se articularam propondo uma integridade, uma certa autonomia do mundo distante de Deus exposto a uma investigação própria. Neste sentido podemos dizer que a religião, em vez de inibir um desenvolvimento da ciência, o estimulou. Mais especificamente devemos pensar, por exemplo, em vários grandes físicos que eram homens religiosos e sua religiosidade não inibia que eles chegassem a resultados que levassem a novos paradigmas em suas áreas. Devemos também lembrar do caso da Igreja Cristã dos Santos dos Últimos Dias, ou seja, dos chamados Mórmons. Motivados pela doutrina que membros da Igreja podem contribuir para a salvação de seus parentes já falecidos, ou seja, como conseqüência da prática do batismo de antepassados, há grandes especialistas em pesquisa na área de genealogia nesta Igreja. Este exemplo também indica que religião não deve ser reduzida ao seu papel inibidor a respeito do progresso científico.
A religião pode ser considerada responsável pela dificuldade que a sociedade tem de aceitar as novas idéias propostas pela ciência?R: Sim, mas para mim a pergunta mais relevante é como avaliar este efeito? Não é assim que as possibilidades que a ciência nos oferece correm riscos? Quem garante que uma inovação é aproveitada de maneira responsável e realmente contribui para uma vida melhor? A discussão sobre a biotecnologia é um bom exemplo para entender que preciso ter uma instância de controle, pelo menos no sentido de um apelo para a consciência coletiva e a responsabilidade ética de pesquisadores que propagam a hipótese que tudo o que é cientificamente possível é automaticamente legítimo. Nos debates deste tipo, instâncias religiosas desempenham geralmente um papel fundamental lembrando-nos dos limites do ser humano. Mesmo que se prove em ambas as áreas que não houve nenhuma razão para tais preocupações e embora a história mostre que as religiões não podem deter o desenvolvimento científico, precisamos continuamente de mentes críticas que reflitam sobre possíveis impactos negativos de algo que parece um “progresso”.
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* Entrevista com alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, PUC-SP, Julho de 2002.
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Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
As Ciências da Religião parecem se enquadrar entre as "ciências hermenêuticas", típica da área de Humanas e suas tecnologias. Seu objeto de estudo é o "fenômeno religioso" e a "religiosidade".
ResponderExcluirPois bem. Os eixos e fundamentos das Ciências da Religião são os mesmos do Ensino Religioso, adaptados à educação básica, claro está.
Há uma discussão sazonal no Brasil acerca da legitimidade e pertinência do Ensino Religioso obrigatório no percurso da educação básica. Desde 1997 esse componente curricular foi regulamentado e coube aos sistemas de ensino adequarem a matriz curricular do ER ao que a Lei obrigava: uma proposta científica e livre de proselitismo.
É comum escutar a crítica de desavisados que confundem Ensino Religioso com catequese, doutrinação ou afins. "Como pode um estado laico admitir que se ensine religião nas salas de aula?", esbravejam.
A leitura da entrevista ajuda na compreensão da perspectiva correta, assumida pelo MEC e, consequentemente, desenvolvida com consistência nesses últimos 14 anos pelos sistemas de ensino. Alguns mais avançados, outros nem tanto.
A quem interessar possa, eis um portal que reúne importantes trabalhos e iniciativas relacionadas ao tema em voga: www.gper.com.br/
Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
Luciano, legal a entrevista!
ResponderExcluirQueria apenas mencionar uma discordância minha em relação a um aspecto preciso da visão apresentada, porque considero uma versão "oficial" que acaba levando a um equívoco recorrente e fundamental. O professor pondera:
Para mim, a divergência mais marcante é que cientistas empíricos não trabalham com conceitos metafísicos. Quer dizer, eles não levam em conta um nível extra-empírico. Isso não significa que eles neguem a existência desta dimensão do “ser”, mas tem a ver com a posição metodológica em que se considera cientificamente irrelevante a questão sobre a “última realidade”, sobre “o absoluto”, sobre algo que transcende as esferas “relativas”.
Na verdade, penso que cientistas empíricos apenas não explicitam, isto é, não problematizam seus conceitos metafísicos. O fato de não levá-los em conta, porém, não significa que não trabalhem com eles. Ainda que se os ignore, eles estão lá, inevitavelmente - como um conjunto de pressupostos filosóficos implícitos, que acabam por configurar uma visão de mundo particular.
A esta visão de mundo, de forte carga ideológica, inclusive, há quem chame "materialismo científico". Para trabalhar de modo científico (a partir de uma visão tradicional de ciência), parte-se do pressuposto de que a realidade é algo que existe independentemente de quem a estuda, de que o mundo é objetivo e, portanto, existe em si e por si, e de que os fundamentos desta realidade são categorias como Tempo, Espaço e Matéria, por exemplo. Quem trabalha assim, em geral toma tudo isso por auto-evidente, coisa que não vale a pena questionar a menos que você seja um filósofo desocupado.
No entanto, esta visão é própria ao perído na História das Ideias conhecido como Modernidade - cujo ápice foi a primeira metade do séc. XX. Uma era de certezas. A situação atual é tal, porém, que com o avanço epistemológico proporcionado pelas tecnologias disponíveis, e especialmente impulsionado pela Mecânica Quântica, já não se pode afirmar o que são e se de fato existem coisas como Tempo, Espaço e Matéria. A pós-modernidade é uma era de incertezas. Ora, no estado atual da ciência, precisamos reconhecer que "matéria" é justamente um conceito metafísico!
Minha crítica vai na linha de Weber, citado pelo professor na entrevista, de que esta ciência que conhecemos é profundamente marcada pela visão de mundo judaico-cristã, ou seja, por pressupostos religiosos. Por crenças pré-científicas adotas de modo a-crítico.
Daí, duas consequências fundamentais:
1. O dogmatismo de cientistas linha-dura, que desmerecem qualquer modalidade de conhecimento produzido de modo alternativo ao método científico stricto sensu. Este dogmatismo tem um sabor religioso, uma intolerância tipo Inquisição. Muitos deles tratam as ciências hermenêuticas como hereges, por exemplo ("isso não é ciência!"). Os pressupostos metafísicos são o ponto cego da Ciência.
2. Se a visão de mundo judaico-cristã forma a base a partir da qual se estrutura a ciência tradicional, que tanto se orgulha de ser não-religiosa, então aquela é a sombra desta! E a gente precisa sempre meter o pau e desvalorizar não aquilo que é absolutamente diferente, mas aquilo que, em nós, não queremos reconhecer e, portanto, desejamos nos convencer de que seja, de fato, absolutamente diferente. Os cientistas militantes desprezam ou atacam o saber religioso porque sentem, em algum nível, que a objetividade de seu método tem os pés de barro
por André Camargo