Onde estão as cicatrizes da Geração Y? - Sidnei Oliveira

Em muitas circunstâncias – talvez a maioria - ganhamos nossas cicatrizes em escolhas erradas, aquelas que provocaram falhas e resultados negativos.

Quem não tem uma cicatriz de corte ou queimadura, conquistada enquanto corria 
onde não podia ou brincava com fogo? Ou ainda, aquelas cicatrizes que não deixam marcas no corpo, mas sim na mente e no coração...Essas também são conquistadas através de nossas escolhas e contribuem de maneira fundamental e formam a nossa personalidade, de nosso caráter.

Parece estranho procurar cicatrizes - na maioria das vezes procuramos esconder, disfarçar ou mesmo eliminar qualquer marca que ficou registrada em nossas vidas. É fato que todas estas marcas trazem lembranças amargas de dores que sentimos, por isso há o desejo de manter distância ou mesmo, ignorar a existência das cicatrizes. Contudo, nosso empenho em evitar as cicatrizes chegou a um extremo que agora afeta o comportamento de toda uma geração.

Jovens são pressionados a serem sempre um sucesso, as falhas são punidas com rigor e a única possibilidade aceita é a vitória. A baixa tolerância ao fracasso e principalmente às perdas tem como consequência, o adiamento de escolhas, ou seja, evita-se correr riscos que possam deixar cicatrizes. É um processo continuo que provoca a distorção no desenvolvimento e amadurecimento dos jovens.

Fala-se muito de “apagão de mão-de-obra” qualificada dando-se grande destaque ao baixo nível de formação acadêmica dos jovens profissionais, entretanto o mercado corporativo está percebendo que o problema é bem mais complexo. A principal deficiência que se observa é a falta de experiência, principalmente da cultura corporativa, que possui sutilezas que somente são alcançadas através de pequenas cicatrizes profissionais.

Gestores destacam que os jovens não estão preparados e nem se engajam nas “causas” da empresa, por isso não podem se expor aos riscos de delegar os desafios, afinal as falhas não podem ocorrer nunca. Enquanto isso, os jovens estão “gritando” pelas oportunidades de alcançar experiência.

Será que não é uma grande oportunidade que devemos, como gestores e veteranos, aproveitar?

A geração Y já está na idade das consequências, por isso, se considerarmos que o grande desejo dos jovens profissionais são desafios, devemos concluir que já está passando da hora de se permitir a esta geração se expor a suas próprias falhas e ganhar suas cicatrizes.
----------------------------
Na raça e na paz Dele,
J. Braga.

Comentários

Postagens mais visitadas