O planeta e nossas amizades

A Campanha da Fraternidade proposta pela Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil, sempre no período da Quaresma, não acabou. Seu tema: Fraternidade e Vida no Planeta e lema: A criação geme em dores de parto (Rm 8, 22) seguem em voga. Não porque a Igreja diz, mas porque a realidade nos impõe tratar do assunto de forma perene, responsável e madura. 

Qual o núcleo da discussão da CF 2011? Ecologia? Reciclagem? Responsabilidade Ambiental? Responsabilidade Social? Meio ambiente? Preservação? Melhor resposta à pergunta inicial que Sustentabilidade não há. 

O conceito de Sustentabilidade é muito bom e foi usado pela primeira vez em 1987 por uma política e médica norueguesa chamada Gro Harlem Brundtland. Ela escreveu num documento da ONU mais ou menos o seguinte: "Sustentabilidade é o desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender a suas próprias necessidades." 

Sustentabilidade é uma forma de relação! 

Somos capazes de adotar pequenas ações táticas focadas na eficiência e que tenham resultados mensuráveis no curto prazo. Impor-nos alguns “gestos concretos” como coleta seletiva, uso de papel reciclado, economia de água, economia de energia, enfim, essas ações são mais que boas, são necessárias. E é ótimo que cada vez mais gente adote esses procedimentos, mas... 

Sustentabilidade é muito mais que pequenas ações táticas ou “gestos concretos”. Sustentabilidade não pode ser comprada. Não é "invenção dos caras do meio ambiente". Sustentabilidade, assim como a liberdade, não é uma "coisa", é uma relação. E a maioria das pessoas não está preparada para ela. Por que? Porque são incapazes de colocar o bem coletivo e individual no mesmo patamar. Veja bem: não dissemos “acima”, mas “no mesmo” patamar. 

Pois bem. A reflexão acima nos mobiliza enquanto escola em pastoral e nos impulsiona a realizar uma proposta: despertar consciências para a forma como nos relacionamos com aquilo que consumimos. Desde o ar-condicionado que deixamos impropriamente ligado até aquilo que comemos no fast-food, passando pelo trabalho de coleta seletiva que está ao nosso alcance. Tudo está conectado, pois diretamente implicado em nossas relações. 

A mística do cuidado ocupa, então, um espaço privilegiado na vida dos que se propõem uma experiência de amizade e amor à vida, típica do jovem cristão. Mas ninguém tem amizade e amor a algo abstrato, precisa-se de um rosto. E o rosto que se apresenta é atualíssimo: o do próprio planeta

Os recursos do planeta, entretanto, só serão suficientes para uma humanidade que saiba se relacionar com ele. Amistosamente. 

Ou acaso alguém aqui acredita em amizade sem reciprocidade? 

Na raça e na paz Dele,
J. Braga.

Comentários

Postagens mais visitadas