Meu grupo de jovens tá lotado de participantes. E...?
Creio que o texto abaixo traduz uma realidade muito comum ao mundo das juventudes engajadas na Igreja. Chama a atenção, principalmente, para os assessores e coordenadores responsáveis pelos grupos. A partir desses referenciais os grupos assumem diferentes tons. Importa o processo, sim, mas sem descuidar dos eventos que retroalimentam as bases. Significativamente.
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Onde está teu tesouro, aí estará teu coração
Rogério Oliveira
Há alguns dias aconteceu na cidade de Araras, em São Paulo, a 17ª Romaria da Juventude, promovido pela PJ do Sul 1. Eu estive lá. Foi uma atividade que teve uma repercussão interessante, em especial pela presença de aproximadamente oito mil pessoas. Por estes dias também irá acontecer em Madri a Jornada Mundial da Juventude. Há uma delegação grande de brasileiros e entre estes há muitos jovens da PJ. Há de ser uma das maiores Jornadas Mundiais em termos de participação. E certamente repercutirá pela quantidade de participantes.
Dadas as devidas proporções, ambos os eventos tem uma preocupação primeira que não é a quantidade de participantes. Mas é esta a marca que fica para quem está fora da atividade. Eventos relevantes juntam milhares de pessoas. Gente acaba chamando mais gente.
Participar da Romaria foi uma experiência significativa para mim. É bom não se sentir sozinho. Ver outras tantas e muitas pessoas que acreditam no mesmo que você e que trilham o mesmo caminho, cantam as mesmas canções, são solidárias, alegres e entusiasmadas acabou me enchendo mais de ânimo. Era de fato muita gente. E vi muitos rostos conhecidos, dei muitos abraços e beijos. Falei muitos “como vai”, “quanto tempo”, “que bom te ver”. E nada muito além disto. A massa tem esta desvantagem. Você é um entre tantos. E os outros também o são.
Claro, óbvio, evidente que esta desvantagem não desqualifica a beleza, a mensagem e a intenção do evento. Contudo, eu volto a bater no mesmo ponto que já tratei anteriormente (Ta na base ou ta na massa). Verdadeiros encontros, troca de afetos e contatos reais acontecem no dia a dia dos pequenos grupos. Não é uma pastoral de eventos que a PJ deve viver, mas uma pastoral de processos, do cotidiano, dos projetos de vida.
Eu me lembro dos tempos em que eu estava somente na pastoral da juventude da minha paróquia. Nosso calendário era uma loucura, porque a cada dois meses sempre tínhamos encontrões de jovens. Eles aconteciam por ocasião das festas dos padroeiros, nas semanas da juventude, da cidadania, do estudante, nos passeios, bailes, gincanas ou quermesses. Nossas reuniões eram só para preparar atividades. Numa das avaliações que fizemos num final de ano, percebemos que aquilo era pouco eficaz na organização e identidade de uma PJ paroquial. Não investíamos adequadamente em formação das lideranças e de grupos de jovens. Não acompanhávamos ninguém. E nos desgastávamos para que os eventos acontecessem da melhor forma possível. Eram forças mal aplicadas.
Claro que os eventos são importantes. Digo novamente que voltei animado da Romaria. Creio que haverá bastante gente que voltará animada da jornada mundial. Mas uma boa pergunta que se faz é no que a gente transforma esse ânimo todo? Se o entusiasmo que temos é pela quantidade de pessoas, creio que seja fogo de palha. A motivação tem que ser mais profunda.
Se um pejoteiro volta de um destes eventos de massa e não aproveita esta disposição toda para motivar os seus em sua realidade não adiantou nada ter ido para esta atividade. Se o encontro na massa não ajudou a fortalecer suas convicções na proposta de Jesus e do Reino, das duas uma, ou não foi uma atividade que queria alimentar sua vivência cristã ou você não estava prestando atenção.
Gente de igreja que pensa uma atividade de massa com a intenção de ganhar visibilidade para seu grupo, movimento, pastoral ou comunidade, creio, deve repensar seu conceito de cristianismo. Eventos de massa devem ser consequência de um processo, onde a pessoa que participa sabe que está num ponto alto para o qual se preparou bem e no qual vai se alimentar para prosseguir a caminhada.
Povo pejoteiro não olha o evento de massa (seja romaria, dia nacional da juventude, jornadas diocesanas ou mundiais da juventude) como um objetivo a ser alcançado, um tesouro a ser conquistado, exibido ou consumido. Não. O coração do povo pejoteiro está nos fortalecimento e acompanhamento dos grupos, na indignação pela juventude que é violentada e exterminada e, principalmente, no exemplo do jovem de Nazaré, fiel e coerente ao seu compromisso de vida.
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Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
Pois é, meu caro. Nada contra eventos de massa! Eles são importantes. Mas não são um fim em si. Eles precisam estar dentro de um planejamento, de um processo para que possam dar resultado. Mas o mais importante não são eles, mas a vida da juventude, dentro e fora dos grupos.
ResponderExcluirBacana seu blog.
Gostei!!