Ser Homem - Jorge Antônio Monteiro de Lima
Dias atrás eu participava, como palestrante, de um seminário sobre sexualidade. Havia vários palestrantes e convidados, e alguns temas eram discutidos. Em minha palestra, falava do papel do homem na atualidade. Era o único convidado a explanar sobre o tema dentre mais de 80 convidados.
Homem castrado pelo feminismo nos anos 60, crucificado pela moda homo-erótica nos anos 80 e 90, e perdido nos anos 2000. O que é ser homem na atualidade? Pateta ou tirano? Castrador ou castrado? Chegamos à época em que ser homem, heterossexual é mal visto, às vezes motivo de vergonha ou chacota. O teor da mídia na atualidade propaga essa visão. Assim podemos assumir qualquer coisa, posição, tara, fetiche, menos publicamente que gostamos de mulher, de seu cheiro, corpo, sexo, beijo. Assumir publicamente a heterossexualidade é "demodê" não é "fashion" – é como este articulista careta.
Não estou discutindo o direito civil deste ou daquele grupo, o que em um país democrático deve ter teor de igualdade para todos. Aqui manifesto o embaraço proposto por teorias e mais teorias que visam a desconstrução do papel do masculino para justificar seu posicionamento, sem, no entanto, trazer à tona uma realidade palpável sobre o que é o homem.
E igualdade pela desconstrução é alienação acadêmica. É a crítica pela crítica. Este é um tema temido por muitos autores porque não vai de encontro ao senso comum, ao óbvio ululante propagado na atualidade pela mídia.
E o interessante é quando queremos discutir o teor da chamada "normalidade" institucional sobre o tema. Se questionamos os papéis sociais, as convenções de sociabilidade, e até os estereótipos, acabaremos por ter o embate inevitável com a chamada "normalidade" ou convencionalidade. E agora, José? Um garoto cabeludo, sensível, poeta, que goste de balé ou de moda, não pode ter o direito de ser homem? E se for tímido e não gostar de violência? Vivemos na era dos rótulos "fast food", na qual ousamos falar da personalidade humana por estereótipos e sintomas superficiais. Discutimos e fazemos tratados "profundos" apenas na visão da superficialidade.
Todo cenário das estereotipias torna a visão do que realmente é ser homem limitada. Hoje é propagada toda uma dificuldade de se compreender o papel de arrimo familiar, de provedor, de ter poder de decisão. Falar de chefia de família é quase uma heresia. Gostar de futebol, de rock ou de assistir uma luta na televisão, incompreensível. E se isso vier intercalado a poesias de Fernando Pessoa ou a música de Maria Bethania, provavelmente será um sintoma de doença mental.
Hoje, o homem ideal, para muitos, é o provedor calado, o que paga as contas e não se manifesta. O gênio da lâmpada mágica capaz de satisfazer todos os desejos, mas um escravo subserviente.
De outro lado, os aspectos sensíveis do masculino não são acessados. São renegados aos bastidores da vida. O macho pode tudo, levar pancada, se rasgar todo, sofrer, é forte. Coitado do que acreditar no estereótipo e tentar o viver impávido colosso.
Resumindo: hoje, ser homem, é uma incógnita. Podemos de tudo, menos ser o que realmente sempre fomos.
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Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
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