Espiritismo e Cultura
Não concordo com quase nada do que esse cara diz, mas uma coisa preciso admitir: ele, sim, me instiga a repensar meus conceitos.
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Sou de classe média e há um bom número de espíritas nos círculos que frequento. Uma coisa me chama atenção: são, na média, pessoas de bom nível financeiro, mas culturalmente medíocres. Ou, se sabem bastante de alguma coisa, são péssimos comunicadores.
E o engraçado é que o espiritismo se vende como científico. Muitos dos adeptos com quem tenho contato falam que se trata de uma religião de conhecimento.
Quero saber como encontrar esta cientificidade. Falar em aprimoramento moral do espírito ao longo de várias vidas - tipo biologia evolucionista - é bobagem. Para ser científico tem de testar e comprovar.
Outra coisa que me intriga no espiritismo é o fato só ter alguma relevância no Brasil. Acompanho discussões sobre religião no mundo – no meu caso, com mais ênfase nos detratores da fé – e não vejo menção ao kardecismo.
Richard Dawkins, biólogo britânico e militante ateísta, apresentou uma série de documentários – exibida no Brasil pelo GNT, em 2009 - ouvindo vários líderes religiosos. Tinha católico, luterano, anglicano, batista, muçulmano xiita e sunita, judeu ortodoxo e mais liberal, até xintoísta apareceu. Mas nada de espírita. Se Dawkins não ataca, é por que não importa.
A explicação mais fácil é a de que as classes média e média-alta brasileiras não são cultas se comparadas com as de outros países, principalmente os mais desenvolvidos. Por isso abraçam a crença espírita, que fica sendo religião de gente com dinheiro mas sem repertório.
Mas recentemente vi no Canal Universitário de São Paulo uma entrevista de Edênio Valle, padre e professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP. Valle pesquisa a relação entre psicologia e religiosidade. Na entrevista, ele disse que a Conscienciologia – uma doutrina filhote do espiritismo kardecista – se expande entre as classes mais altas da Europa e dos Estados Unidos. Esta tal de Conscienciologia se promove como ciência e diz estudar acontecimentos extracorpóreos.
Mais ainda: o professor da PUC-SP também ressaltou aquela minha percepção de que o nível cultural dos espíritas é de médio para baixo. Só que não sei quais motivos têm levado pessoas mais endinheiradas do mundo a entrarem na onda do espiritismo.
Os espíritas não são proselitistas chatos como evangélicos. Mas tem rolado uma encheção por conta do centenário de nascimento de Chico Xavier, símbolo da crença. Fica aquele nhenhenhém de exaltação da figura de Chico Xavier, que doou todos os direitos autorais sobre as vendas de seus livros para caridade.
Não tenho simpatia por abnegados. Se fosse para seguir alguém, seria gente que vive no luxo e no conforto. E claro que eu considero a doutrina espírita furada e absurda. Nada particular. Trato as demais religiões com o mesmo desprezo.
Sempre achei que copos não deveriam ser desperdiçados naquela brincadeira de chamar os espíritos.
Marcelo Amaral
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Na raça e na paz dele,
J. Braga.
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