A mídia que nos desabitua a pensar
A imprensa nos leva a julgar por meras impressões e, dessa maneira, nos induz a não-reflexão. Quando você recebe uma informação dela, já a recebe pelo filtro do próprio canal de comunicação pelo qual você optou se informar. Fique de olho! Nenhum jornal, TV, portal, rádio é completamente isento e desinteressado. Abaixo segue um bom fragmento de uma opinião expressa pelo escritor Luciano Pires.
Incontestavelmente foi a imprensa, com a sua maneira superficial e leviana de tudo julgar e decidir, que mais concorreu para dar ao nosso tempo o funesto e já irradicável hábito dos juízos ligeiros. Em todos os séculos se improvisaram: em nenhum, porém, como no nosso, essa improvisação impudente se tornou a operação corrente e natural do entendimento. Com exceção de alguns filósofos mais metódicos, ou de alguns devotos mais escrupulosos, todos nós hoje nos desabituamos, ou antes nos desembaraçamos alegremente do penoso trabalho de refletir. É com impressões que formamos as nossas conclusões. Para louvar ou condenar em política o fato mais complexo, e onde entrem fatores múltiplos que mais necessitem de análise, nós largamente nos contentamos com um boato escutado a uma esquina. Para apreciar em literatura o livro mais profundo, apenas nos basta folhear aqui e além uma página, através do fumo ondeante do charuto.
Incontestavelmente foi a imprensa, com a sua maneira superficial e leviana de tudo julgar e decidir, que mais concorreu para dar ao nosso tempo o funesto e já irradicável hábito dos juízos ligeiros. Em todos os séculos se improvisaram: em nenhum, porém, como no nosso, essa improvisação impudente se tornou a operação corrente e natural do entendimento. Com exceção de alguns filósofos mais metódicos, ou de alguns devotos mais escrupulosos, todos nós hoje nos desabituamos, ou antes nos desembaraçamos alegremente do penoso trabalho de refletir. É com impressões que formamos as nossas conclusões. Para louvar ou condenar em política o fato mais complexo, e onde entrem fatores múltiplos que mais necessitem de análise, nós largamente nos contentamos com um boato escutado a uma esquina. Para apreciar em literatura o livro mais profundo, apenas nos basta folhear aqui e além uma página, através do fumo ondeante do charuto.
Fumo ondeante do charuto? Sabe quem escreveu esse textinho que começa com incontestavelmente? Foi o escritor português Eça de Queirós, 150 anos atrás.
Bem, sacou o jogo? A imprensa faz nossa cabeça. Através dela recebemos as informações que vão compor nosso repertório, nossa visão do mundo. E não existe imprensa isenta. O que ela nos traz é a visão do mundo que alguém escolheu, portanto pela imprensa vemos o mundo com os olhos dos outros. E está acontecendo um movimento importante com a internet, que está deslocando as fontes de informações dos grandes grupos para os blogs independentes. Essa mudança implica no aumento de nossa responsabilidade na escolha de onde é que vamos buscar as informações. Por isso fica cada vez mais evidente: é preciso estudar, enriquecer seu repertório, refinar sua capacidade de filtrar as fontes para poder fazer suas escolhas. Fica esperto,meu!
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Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
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