Sim ou Não?
O Aquiles trabalhava dentro de uma de nossas fábricas no Rio Grande do Sul. Um dia recebi a indicação de que ele poderia ser útil em nossa área de marketing, pois tinha um perfil de "fazer acontecer" que nós precisávamos. Convidei-o.
Eu não sabia, mas ele era um grande baterista. E vivia treinando para se aperfeiçoar.
Um dia, já transferido para São Paulo, durante um churrasco veio falar comigo. Estava agoniado, pois havia recebido um convite para ser o baterista da banda da turnê de Paul D´Iano, ex-vocalista do Iron Maiden, pela Europa. Mais de 30 dias.
O Aquiles era bom!
Mas sua agonia tinha razão de ser. Ele estaria arriscando seu emprego estável pela loucura de uma turnê com gente estranha, por lugares estranhos.
Minha resposta foi direta:
- Se você resolver NÃO ir, vai passar o resto da vida perguntando o que teria acontecido se tivesse ido. E eu acho que não vale a pena viver com essa dúvida. Portanto, VÁ!
O Aquiles ficou um tanto atônito, mas acertamos para que ele fosse. No fim, a tal da turnê não deu certo, mas o Aquiles decidiu entrar de cabeça na aventura de ser baterista de alguma banda. E tempos depois, pediu demissão e partiu para seguir sua vida.
Essa história é interessante, na medida em que coloca em evidência a questão de nossas decisões. Quantas vezes dizemos SIM, quantas dizemos NÃO? Experimente fazer esse exercício diário e talvez você se assuste. Vai perceber que a grande maioria de suas decisões é baseada no NÃO. Até inconscientemente, você decide pelo caminho mais seguro, de menor
risco, mais confortável. E assim, vai levando.
Pode não estar no melhor dos mundos, completamente satisfeito, mas está familiarizado com a situação, que lhe é confortável. O NÃO ajuda a manter as coisas do jeito que estão.
Já o SIM...
Pode significar o mergulho numa aventura arriscada.
Pode significar a quebra de uma situação de conforto.
Pode significar um novo amor. Um novo chefe. Um novo desafio.
E normalmente, diante de um SIM está um futuro incerto. Eu fiz esse exercício, tentando encontrar os NÃOs dos quais me orgulho. Penei para achar algum, se é que achei. Mas dos SIMs, lembrei rapidamente.
SIM, resolvi sair de casa aos 19 anos, para enfrentar a cidade grande. Sozinho.
SIM, decidi estudar comunicação em São Paulo, mesmo com o conforto, a garantia do pai e o curso de Engenharia Elétrica lá em Bauru.
SIM, decidi ao me formar, abrir meu negócio próprio.
SIM, decidi arranjar um emprego formal quando resolvi me casar, mesmo fora da minha área de atuação.
SIM, decidi vender TUDO que eu tinha e morar de favor na casa de um amigo, para conseguir comprar uma casa.
SIM, decidi falar, escrever e publicar, correndo os riscos da exposição.
SIM, decidi ir pro Everest.
SIM, decidi deixar um emprego estável de 26 anos para tornar-me um empreendedor.
Tenho milhares de SIMs dos quais me orgulho. TODOS implicaram em ações de risco. TODOS me colocaram em situações desconfortáveis. TODOS fizeram uma grande diferença em minha vida.
E descobri que sou movido à inspiração. A desafios. Sou movido pelo ímpeto de dizer "SIM, vamos arriscar"! Mas conheço centenas de pessoas movidas pelo NÃO. Pobres coitados.
Chamam de segurança o que é insegurança.
Chamam de prudência o que é medo.
Chamam de conforto o que é submissão.
E o Aquiles? Ah, o Aquiles Priester tornou-se baterista da Angra, uma das mais importantes bandas de Metal Melódico do Brasil. E agora está à frente de sua própria banda, a Hangar. Realizado, faz turnês pelo mundo afora, tem legiões de fans e já foi eleito o melhor baterista do Brasil. Entre os melhores do mundo. E este mês está lançando sua biografia, DE FÃ A ÍDOLO.
Seu segredo?Ele escolheu o SIM.
E você?
Por que NÃO?
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Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
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