Qual o sentido das tragédias?

Nos dias passados aconteceu um dos terremotos mais fortes da história, seguido por um tsunami com ondas de 12 metros de altura que arrasou muitas cidades. Como se não bastasse, as usinas nucleares do Japão começaram a ter problemas de aquecimento e estão soltando perigosíssimas radiações. Por outro lado, no Brasil, chuvas intensas provocaram inundações com destruição e morte, antes na região serrana do Rio, agora em outros lugares do sul. Ao mesmo tempo, aumenta vertiginosamente a violência nas grandes cidades do Brasil, com numerosas mortes de jovens e adolescentes. O povo da Líbia passa por situação crítica bem como outros povos.

Essas situações estão provocando muita dor além das mortes, muito sofrimento. O pior que possa acontecer é que todo esse sofrimento permaneça sem sentido para nós, passando pela nossa vida apenas como emoções momentâneas que não mobilizam a inteligência para compreender e nem a fé para invocar a Misericórdia de Deus. Passamos então a acompanhar outros assuntos que a telinha nos apresenta para proporcionar a distração de que necessitamos. 

A dor que essas tragédias provocam, no entanto, pode sacudir essa insensibilidade, pode nos tornar mais conscientes do limite que caracteriza nossa existência e mais cuidadosos e amorosos com as outras pessoas. Pode despertar em nós inteligência e realismo para reconhecer nossa condição de criaturas que procedem de um Mistério infinito, eterno, onipotente e criador, origem da nossa existência e de tudo o que existe. Este Mistério do qual dependemos continua a nos oferecer sua amizade, sua aliança, sua misericórdia e compaixão.

“Voltai para o Senhor, vosso Deus, ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar” (Joel, 2, 13).

Alguns se revoltam, pensando: Deus, se existe, é malvado, porque provoca essas tragédias. Mas Ele não quer para nós o mal e a morte, não se vinga de nossas maldades, não é o autor dessas tragédias. Ele abraça e toma para si nosso mal e nossa morte para vencê-los e quer doar a nós sua vida divina que vence a morte. Mas respeita a nossa liberdade que hoje parece ignorar outros bens além do lucro, do poder e da fama, passando por cima de tudo e de todos para perseguir essas metas. A quaresma nos convida a reconhecê-lo como Pai e a invocá-lo com sinceridade: Pai nosso, ...venha a nós o vosso reino de paz,seja feita a vossa vontade ... O pão nosso de cada dia dai-nos hoje. Perdoai as nossas ofensas, como nós perdoamos as dos outros. Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. 

Dom João Carlos Petrini
Bispo da diocese de Camaçari
------------------------
Na raça e na paz Dele,
J. Braga.

Comentários

Postagens mais visitadas