Romário melhor. Ronaldo maior.
por Vitor Birner
Logo após o anúncio do término da carreira de Ronaldo começaram as perguntas de quem foi melhor: Romário ou o fenômeno?
A comparação, ao contrário de muitas outras futebolísticas, é pertinente.
Atuaram na mesma posição, ganharam uma Copa do Mundo, foram fundamentais nas conquistas, defenderam o PSV e o Barcelona, marcaram muitos gols e receberam o prêmio de melhor do mundo da Fifa.
Os dois são personagens do futebol moderno, de pouco espaço em campo, onde a boa condição física é indispensável, rola muita grana e pouco amor à camisa.
O baixinho ainda pegou um pequeno período da transição do futebol romântico para o atual.
O debate sobre qual era mais competente não deve deixar ninguém indignado. Enriquece o esporte. Mantém a relevância dos personagens e diverte as pessoas.
Eles foram craques, deixaram saudades e sempre serão reverenciados por quem contar a história do futebol. Nada mudará isto.
Respeito opiniões diferentes das minhas.
O tetracampeão, dentro da área, conseguiu superar o penta em 2002. Dava a impressão de não estar nem aí pra nada. Jogava em qualquer local como se brincasse na praia. Adivinhava aonde a bola ia e finalizava com frieza e competência extremas. E o mais impressionante. Driblava os adversários quase sem se mexer. Não me peça para explicar. Tenho 42 anos, sou viciado em futebol desde quando nasci e jamais vi algo parecido.
Força e velocidade são fundamentais. O baixinho precisava bem menos que os outros boleiros. Possuía estilos singular, inimitável e divino.
Ronaldo também proporcionou momentos inesquecíveis, especialmente nas primeiras passagens na Holanda e Espanha. Sem exagero, ele arrebentou!
Mais tarde, após ganhar muita massa muscular, se lesionou, continuou impressionante na área, contudo perdeu o forte arranque, um de seus diferenciais. Ronaldo, em boa forma, dependia menos da equipe que Romário. Podia buscar a bola na meia.
O maior artilheiro das Copas leva vantagem noutro aspecto. Seu personagem é mais simpático.
O baixinho era o sujeito malandro, “bon vivant”, folgado, que desafiava os críticos com declarações fortes e irônicas, e não poupava elogios a si mesmo.
O fenômeno, ao contrário, sabe usar as palavras para agradar ao público. Parece amigo de todos quando dá entrevistas. Carismático, arrancou aplausos entusiasmados nos rivais Barcelona e Real Madrid. O roteiro da vida dele no esporte foi tão dramático quanto espetacular.
A convulsão antes da decisão contra a França e a lesão gravíssima na Inter dois anos depois, seguida pela descrença de vários especialistas na possibilidade de voltar, terminaram no título em 2002.
O ex-jogador do Corinthians, hoje é um ícone pop tal qual Mick Jagger, Bono Vox e Madonna.
Seu personagem é maior que o do atual deputado federal pelo Rio de Janeiro. O mundo idolatra, abraça e ama seu filho Ronaldo.
Já o rebelde Romário, o melhor dos dois, ficou “só” com a gigantesca admiração popular.
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Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
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