Grupos com poucos ou muitos jovens?
Tá na base ou tá na massa?
Rogério Oliveira
Há tempos eu venho participando de comunidades, listas, perfis, grupos virtuais, blogs, fóruns e tudo que possa ser ligado à Pastoral da Juventude seja por e-mails, páginas ou redes sociais da Internet. Tem muita gente boa fazendo coisas fantásticas por aí. É só dar uma busca e você vai achar um bocado de coisas interessantes.
Mas nestes mesmos lugares onde encontramos tantas maravilhas, também encontramos muita gente querendo começar alguma coisa ligada a PJ sem saber direito como fazê-lo. Há jovens aprendendo na tentativa e erro. Há outros buscando fora da PJ experiências que nada tem a ver com a nossa prática pastoral. E, pior, chamando esta nova prática de grupo da pastoral da juventude.
Este blog nasceu com alguns objetivos. Um deles era partilhar o que é básico na PJ para tanta gente que tenta realizar esta prática pastoral, mas não sabe direito por onde começar. Um dos conceitos básicos da PJ que vem se perdendo por aí, até de gente pejoteira com mais tempo de caminhada, é o trabalho com pequenos grupos.
Você acha que não? Pois eu já vi muito coordenador de grupo reclamar porque as reuniões deles se restringiam a oito, dez pessoas. Espera lá, né? A palavra e a prática de Jesus se esparramou no mundo com um grupo pouco maior que este. Quanta coisa é possível fazer com um grupo pequeno!
A primeira delas é conhecer bem os integrantes do grupo. Ir na casa deles, conhecer a família, saber como estão nos estudos; indicar livros para ler, filmes para assistir; sair com a turma, ir num parque, no zoológico, na praia, num aniversário. Que coordenador de grupo tem saúde e tempo para fazer isto num grupo com trinta, quarenta ou cinquenta jovens?
A segunda coisa é consequência da primeira. Quando o grupo se conhece bem, há maiores chances de comprometimento, seja ele interpessoal, seja com alguma prática. E, por conta disto, um grupo comprometido tem uma possibilidade maior de ter jovens com um grau de amadurecimento bem próximo.
Mas, se são tão boas as vantagens, por que esta prática vem perdendo espaço em alguns lugares? É difícil dizer. Eu tenho uma teoria a respeito. Chama-se visibilidade pastoral. Há grupos que valorizam mais os eventos de massa e reuniões com muitos, muitos jovens porque chamam mais a atenção.
Grandes números geram notícia. Tal movimento juntou um número “x” de jovens. E este número “x” está sempre na casa das centenas ou, por vezes, dos milhares. É bonito! Impressiona! Mas não é indicativo de uma qualidade de trabalho pastoral.
Mas você pode pensar: “Isso é conversa de derrotado, de quem não consegue juntar mais do que meia dúzia de jovens”. Mas não é mesmo. Em muitas dioceses as comemorações do Dia Nacional da Juventude em outubro juntam dezenas, centenas ou milhares de jovens. Aqui em São Paulo, todo ano se realiza a Romaria da Juventude. Também um evento de massa. Sei de muitos outros eventos por aí pelo Brasil. Não é despeito, portanto.
Você pode achar contraditório a PJ ter eventos de massa como os que eu acabei de citar e criticar outros grupos que fazem a mesma coisa. Não há contradição. E não é a mesma coisa. Na Pastoral da Juventude, há uma orientação de trabalho nas bases, nos pequenos grupos, a respeito dos temas destes eventos massivos. O que se espera é que quem for participar deles, tenha recebido a orientação, tenha feito o trabalho em grupo, esteja por dentro da temática do evento. O encontro de massa é na verdade uma grande celebração.
Então não há nada de errado em fazer eventos com muitos jovens? É algo que se enquadra dentro da linha da Pastoral da Juventude? Acredito firmemente que o trabalho da PJ tem nos pequenos grupos uma enorme vantagem pastoral. É algo que está na nossa origem, é nossa marca. Isto não pode ser deixado de lado. Trabalhar com as multidões de jovens é algo bonito, mas se não for pensado um caminho metodológico para atingi-los, penso que é uma prática não muito alinhada com os nossos princípios. Os jovens acabam sendo justamente isso: massa. E na multidão você é um anônimo, não há lugar para protagonistas.
Fazer eventos de massa só pelo número, para aparecer, fazer notícia não é atitude pejoteira. Há outras maneiras de se aproximar dos jovens que não conhecem nosso jeito de trabalhar e nem a proposta de Jesus. Contudo, se estes eventos grandes forem grandes celebrações, com jovens conscientes do porquê estão ali, é algo fantástico. É ação pejoteira.
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Grifo nosso.
Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
Caro Neotéfilo. Obrigado por replicar o texto por aí! A ideia é essa mesma! Só como acréscimo, para seus leitores, informo que há outros artigos nesta mesma linha no meu blog. O link é http://pejotando.blogspot.com
ResponderExcluirAbraço e força na caminhada!
Rogério