Onze-de-Setembro Carioca
Guerra declarada no Rio |
No 11 de setembro de 2001 me lembro que estava saindo do ITEP quando, ainda no pátio da faculdade, escutei algumas pessoas comentando algo de uns aviões que caíram bem no meio de Nova Iorque. Mais na frente, esperando o ônibus no ponto, mais pessoas procuravam entender melhor essa mesma notícia. Até ali, nem eu quiçá ninguém se havia "ligado" na histórica data que vivenciávamos naquele momento. Era horário de verão, um dos últimos, senão o último pelo qual Fortaleza passou. O sol tinindo no meu quengo...queria mais era chegar no seminário onde morava, almoçar, tomar banho e descansar.
Triste é ter consciência, hoje, de que a força dessa data brota de um dos maiores símbolos do pior que a humanidade pode produzir: extermínio, fanatismo, instrumentalização da religião, intolerância, guerra, terror. Onze-de-Setembro deixou de ser mais uma folhinha do calendário. Ganhou nome próprio e é, para "sempre", o marco político-econômico-social-religioso da verdadeira virada do milênio. 1o de Janeiro de 2001 é bulhufas frente ao Onze-de-Setembro. Este, sim, foi o big-bug do milênio.
Mas voltando ao meu ônibus. Dentro do Antônio Bezerra-Mucuripe nosso de cada dia, motorista e trocador escutavam o rádio na mesma FM tocadora de forró. Achei muito curioso foi que, surpreendentemente, da tal rádio só se ouviam locutores de notícias. Pensei brincando: - "Não é possível. O mundo só pode tá se acabando pra essa rádio não tá tocando forró e deixando esse cara ficar falando esse tempo todo". E não é que o mundo tava se cabando mermo?! Quando comecei a perceber que motorista e trocador estavam com cara de "deixa-eu-ver-se-entendi", escutando atentamente o locutor falar foi que minha ficha começou a cair. Rapidamente me inteirei que se tratava do mesmo conteúdo que já ouvira duas vezes na última meia hora: avião que caira no centro de Nova Iorque.
Chegando ao seminário, logo me surpreendi com a sala de TV lotada, umas 40 pessoas entre seminaristas, visitantes e formadores, todo mundo lá com a mesma cara que o motorista e o trocador estavam fazendo. Cheguei a parar um pouco e perguntar, genericamente, o que raios estava acontecendo. Foi quando cheguei a assitir, ao vivo, o segundo avião atingir a segunda torre do World Trade Center. Sinistro. Fui deixar minhas coisas no quarto e estava almoçando quando ouvi o frisson vindo da sala de TV: a primeira torre desabava, ao vivo, naquele momento. Terminado meu almoço, corri pra sala de TV. Ficamos ali até o limite de nosso horário, segundo as regras da casa. Ainda vi a segunda torre cair, ao vivo. Muito sinistro.
Ao longo da semana é que mais e mais informações foram levantadas e, junto com toda a opinião pública, pudemos compreender pouco a pouco o que havia, de fato, acontecido. Osama Bin Laden passava a ser, naquele momento, o nome mais pronunciado do mundo.
Desde aquele dia, só hoje, dia da ocupação da Polícia do RJ na Vila Cruzeiro, experimentei sensações tão semelhantes. Apesar da realidade e das circunstâncias serem beeeeeeem diferentes. Quem sabe escrevo sobre hoje em algum dia...Vinte-e-Cinco-de-Novembro.
Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
querido amigo, como é interessante ver uma coisa que vivemos juntos contado com tanta vivacidade. muito bom o texto
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