O que é dogma?
Dogmas são enunciados humanos (não-revelados), ekklesiais (não-particulares), declarativos (não-constitutivos) e abertos (não-fechados). Dizem respeito a Sentidos compartilhados, a uma fé compartilhada e referem-se à Revelação (com destaque para as Sagradas Escituras), que é ato próprio de Deus. Esta, sim, norma normativa não-normada.
Numa experiência de particularidade, subjetividade, egocentricidade, não-comunitariedade dogmas não são pertinentes. Religião pessoal não admite dogma, assim como não tem símbolos, por individual.
Não há identificação com "sistema fechado". Sendo proposta a Revelação de Deus em palavra humana, ela segue as leis de todo discurso que, assim como afirma ou nega explícita e diretamente, também afirma ou nega implícita e indiretamente. Por isso, quando a comunidade de fé explicita o implícito e faz direto o indireto conteúdo do Revelado, efetua legítimos enunciados: os dogmas. Mas estes sempre suscetíveis de serem formulados em novas proposições.
Em outras palavras: os dogmas estão sempre em tensão de desenvolvimento. Não são fechados, nem cristalizados. São e sempre serão abertos e "atualizáveis" de acordo às épocas, contextos e renovação dos Sentidos compartilhados.
Ilustrando: um dos dogmas católicos mais disseminados e aceitos é o da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). Não há nas Escrituras nenhuma referência a esse termo, nem qualquer tratado teológico que dê conta de "explicar" essa verdade de fé que se compartilha, esse mínimo inegociável. Não obstante, já se discute no meio acadêmico se a melhor forma de propor esse enunciado é falando de "pessoas" ou de "relações". Os católicos se relacionam com um Deus desdobrado em três pessoas ou estabelecem três tipos de "relação" com Deus? Ou são as duas coisas? Ou as duas coisas mais outros elementos? Percebe?!
Quando a gente se aprofunda um pouco mais no conhecimento das razões que fundamentam as coisas, sem rótulos, aprendemos, encontramos novos sentidos e, por conseguinte, evoluímos!
Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
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