Missão da Escola Católica


“(...) não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, uma Pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (Bento XVI, DAp, n. 12).





A Escola Católica deve ter bastante clareza sobre sua principal missão existencial e função social: educar – na perspectiva da formação integral – crianças, adolescentes e jovens. Analisar a Escola Católica, a partir dos cenários e teorizações contemporâneos, implica em compreendê-la como espaçotempo de educação, de evangelização, de produção-circulação de culturas, elaboração-reelaboração de saberes e conhecimentos, e finalmente, de perfilação de sujeitos que se pautam em valores cristãos.

Se a Escola Católica pretende atualizar sua práxis, necessita estar conectada a uma espécie de “Pedagogia da Fé” que, em linhas gerais, proponha a superação da dicotomia entre Fé e Vida. Isso se alcança a partir de conceitos assumidos no cotidiano escolar. Por exemplo, mais do que estabelecer e organizar um “departamento pastoral” composto por pessoas responsáveis pelas missas, encontros de catequese, grupos de jovens, entre outros, uma autêntica escola católica se entende, ela toda, em pastoral. Há uma essencial diferença entre fazer pastoral numa escola e ser uma escola em pastoral. 



Se a primeira é apenas identificada pelos especialistas da pastoral organizados, sem maiores desdobramentos, a segunda é percebida quando todos os conteúdos, atividades, práticas, processos, relações, vivências e interações são evangelizadoras e atualizam um Carisma. Do porteiro ao diretor, todos se identificam como agentes de evangelização e pastoral, conforme nos ilumina o documento de Aparecida:

(...) recomenda-se que a comunidade educativa (diretores, mestres, administrativo, alunos, pais de família etc.), enquanto autêntica comunidade eclesial e centro de evangelização, assuma seu papel de formadora de discípulos e missionários em todos os seus estratos (n. 338).

Sob a perspectiva de São Marcelino Champagnat, a educação é mais do que um processo de transmissão de informações: é um meio poderoso de formação e transformação de mentes e corações. Assim, a proposta educativa e a proposta de evangelização de Champagnat se identificam e se inter-relacionam. Não são antagônicas, mas, faces de uma mesma moeda.

As escolas e outras instituições maristas são comunidades em que crianças e jovens devem aprender a levar o Evangelho a sério. Nossos esforços para integrar a fé com o projeto de educação das novas gerações devem ser bem visíveis às pessoas que entram em contato com qualquer uma de nossas obras apostólicas (Ir. Sean Sammon).

Nesse contexto se entende também uma catequese na escola. O termo "Catequese" significa dar uma instrução a respeito da Fé. Em sua origem, o termo se liga a um verbo que significa "fazer ecoar" [Kat-ekhéo). Assim sendo, na catequese em escola católica, enfocam-se processos consistentes de educação na Fé e Amor a Jesus, não uma habilitação para “comer a hóstia” (Primeira Eucaristia) ou “poder casar na Igreja” (Crisma). Desde o Concílio Vaticano II a Igreja faz esforços grandiosos para passar de uma catequese puramente doutrinal, para uma catequese existencial, cujo ponto de partida é a vida das pessoas, suas alegrias e tristezas, angústias e esperanças. Desde então, a catequese projeta-se como mais existencial, comunitária, transformadora, bíblica e litúrgica. Sonha-se, por conseguinte, com uma Catequese no itinerário de Emaús: caminhar, escutar, aquecer o coração, partilhar e partir em missão.

O encontro do Cristo Ressuscitado com os discípulos de Emaús na noite da Páscoa (Lc 24, 13-35) é o protótipo de qualquer caminho catequético. Caminhar juntos, escutar aqueles que querem conhecer Jesus, aquecer o nosso coração no contato com as Sagradas Escrituras, partilhar o pão e partir em missão são os vários momentos de educação na fé. (Dom Eugênio Rixen, Catequese na Escola Católica, p.11)

Finalmente, a Escola Católica, reconhece seu campo catequético de atuação quando trata de considerar a integralidade e complexidade da vida, que supera dicotomias, mas sabe reconhecer seus limites: sem a participação da Família, notadamente dos pais, o Processo de Educação na Fé (PEF) de catequizandos e crismandos fica comprometido e caduco. Pelo sacramento do Matrimônio os pais recebem a graça e a responsabilidade de serem os primeiros catequistas de seus filhos. A experiência cristã positiva, vivida no ambiente familiar, é uma marca decisiva para a vida do cristão. A própria vida familiar deve tornar-se um itinerário de educação de Fé e uma escola de vida cristã. Por isso, a parceria Escola-Família-Igreja é essencial e determinante na qualidade da caminhada rumo à experiência dos discípulos de Emaús.

Na raça e na paz Dele,
J. Braga, Cid Castro, Clarisvaldo Libório e Adailza Sacramento (Equipe de Pastoral - Colégio Marista Patamares / Salvador-BA)

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