É possível uma Religião Individual e A-simbólica?
De fato, na minha compreensão, é dificílimo vivenciar uma experiência religiosa e, portanto simbólica, desprovida de uma comunidade que lhe dê sentido. O ser humano é um ente social mergulhado no simbólico. Faz isso pra entender, interagir e expressar-se. A própria palavra "sin-balos" (de origem grega) refere-se àquilo que é arrojado, lançado (balos) e unido, juntado (sin). Contrário a "dia-bólico", com prefixo "dia" (separa, afasta). Simbólico, portanto, é tudo que une. Diabólico, então, é tudo que desune, semeia discórdia e separa. Deus não precisa de símbolos, mas se permite encontrar com a ajuda deles. Afinal de contas, Deus é muito mais que qualquer discurso. O Antigo Testamento nunca execrou os símbolos, ao contrário, em alguns momentos Javé pede que Israel se valha de alguns deles para tornarem manifesta a presença de "Eu sou". O que se reprova, ali, são os "ídolos", ou seja, substitutos de Javé, aqueles que tomam o lugar de deus na vida do ser humano, como hoje em dia o dinheiro, por exemplo.
Saindo da seara religiosa: Maradona é um símbolo da Argentina, assim como o Tango. Maradona, Tango e, digamos, o mapa da Argentina representam três realidades que "sintetizam" uma experiência única de determinados terráqueros: ser argentino.
Falar uma dessas palavras em qualquer parte do mundo faz emergir essa experiência específica (tudo bem que Dieguito es un dios para ellos, pero bien, no se trata de discutir-lo). Para o Brasil certamente poderíamos falar em Pelé, Futebol, Samba e teríamos experiências correspondentes, ainda que diferentes. Esse tipo de "relacionamento" que se dá na vida, se replica com alguma maior solenidade no âmbito da Religião. Ambas se dão sem necessária "interpretação de doutos e clérigos". Simplesmente encontram forças nas mentes e corações daqueles que compartilham destes elementos que os identifica. O que antropólogos, sociólogos ou "doutos e clérigos" podem fazer é tentar tornar razoável as origens dessa força que une e identifica. Enfim...
Não vejo realmente nenhuma das grandes religiões "isentas" de tradicionalismos ou dogmatismos. O sufixo "ismo", porém, é que me parece problemático. Apresentar mínimos inegociáveis da fé (dogma) e compreender-se como perpetuador de uma experiência passada (tradição) não desabonam, por si, nenhuma experiência religiosa. Só quando, historicamente, as Religiões confundem um único aspecto da fé (dogmatismo) ou da tradição (tradicionalismo) com o essencial de sua mensagem é que incorremos no desequilíbrio e na falácia, nos "ismos".
Sobre "rebanho", refere-se a uma atividade comum e valorizada da época de Jesus de Nazaré: ser pastor. Uma imagem simbólica e próxima da compreensão de tantos e tantos seguidores encontrados por Ele, do meio rural e pastoril. Lançar mão de elementos como esse tornava comum a mensagem do filho de Maria e José. Sua mensagem, assim, encontrava mais ecos nos corações e nas repercussões sociais, inteligentemente. Ser "rebanho" não tem nada de ser tapado como querem descontextualizadamente interpretar os senhores doutos ignorantes. Há poucos dias a candidata Marina Silva lembrava a Dilma eleita presidenta :“Envio-vos como ovelhas para o meio de lobos; sede, pois, prudentes como as serpentes e simples como as pombas”
Na raça e na paz Dele,
J. Braga.
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